Maduro denuncia plano da CIA e captura de mercenários na Venezuela
Presidente afirma ter frustrado operação de bandeira falsa ligada à CIA e acusa EUA de planejar provocação militar na região
247 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, revelou nesta segunda-feira (27) que seu governo desmantelou uma suposta operação de bandeira falsa que teria sido planejada pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA). Segundo o mandatário, o objetivo da ação seria criar um pretexto para uma agressão militar contra o país caribenho. As informações foram divulgadas pela RT Brasil.
De acordo com o veículo, o ministro do Interior, Justiça e Paz, Diosdado Cabello, já havia informado sobre a prisão de três pessoas supostamente ligadas à agência norte-americana. Maduro detalhou que, entre os dias 25 e 26 de outubro, “uma série de prisões foram feitas de indivíduos que se acredita fazerem parte de um grupo de mercenários treinados e financiados pela CIA”.
Plano em Trinidad e Tobago
O líder venezuelano afirmou que a operação seria executada nas águas de Trinidad e Tobago e que o governo local foi informado e reconheceu publicamente as provas apresentadas. “O governo de Trinidad e Tobago recebeu provas [da preparação de uma operação de bandeira falsa]. Não estamos dando nenhuma prova ao governo dos EUA, porque eles, juntamente com a CIA, estão por trás de tudo isso”, declarou Maduro durante seu programa Con Maduro+.
O presidente explicou que decidiu não compartilhar informações com Washington, lembrando que, em um episódio anterior — o atentado contra a missão diplomática dos EUA em Caracas —, as autoridades norte-americanas teriam protegido os suspeitos. “Demos a eles nomes e sobrenomes, hora, lugar, tudo, e eles saíram para protegê-los aqui na Venezuela, para escondê-los”, afirmou.
Comparações históricas e acusações
Maduro comparou o suposto plano a episódios que serviram de justificativa para guerras em outros momentos da história. “Qual era a intenção disso? O mesmo que aconteceu com o encouraçado Maine em 1898, em Cuba (...). Foi uma provocação, um dano auto-infligido para se envolver na guerra”, disse, mencionando também o incidente do Golfo de Tonkin, usado para justificar a entrada dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã.
O presidente criticou ainda a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, a quem chamou de “cafetina belicista”, responsabilizando-a por apoiar a movimentação militar norte-americana na região.
Crescente tensão com os Estados Unidos
As relações entre Caracas e Washington seguem em escalada. Em agosto, os Estados Unidos destacaram um contingente militar próximo ao litoral venezuelano sob o argumento de combater o narcotráfico. O presidente americano Donald Trump chegou a acusar, sem apresentar provas, Nicolás Maduro e o presidente colombiano Gustavo Petro de chefiar redes de tráfico de drogas — o que agravou a tensão diplomática e levou Bogotá a condenar as sanções impostas por Washington.
Maduro classificou as ações dos EUA como parte de “uma guerra multiforme” destinada a “impor uma mudança de regime e roubar o petróleo, o gás, o ouro e todos os recursos naturais da Venezuela”.
Resposta militar venezuelana
Em reação, o governo venezuelano iniciou o alistamento voluntário para a Milícia Bolivariana e lançou o plano Independência 200, que prevê exercícios militares nas áreas costeiras do país. A medida busca reforçar a defesa nacional diante das ameaças externas.
Durante reunião do Conselho de Segurança da ONU, a Rússia manifestou apoio à Venezuela, acusando Washington de promover “uma campanha descarada de pressão política, militar e psicológica” com o objetivo de derrubar o governo de Nicolás Maduro.


