Lula viaja ao Chile, onde participa de cúpula de presidentes em defesa da democracia
Encontro com líderes da centro-esquerda busca enfrentar avanço da extrema direita, desinformação e coordenar propostas para a ONU
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca neste domingo (20) em Santiago, no Chile, para participar da cúpula “Democracia Sempre”, ao lado de chefes de Estado e governo da América Latina e Europa. O encontro, que será sediado pelo presidente chileno Gabriel Boric no Palácio La Moneda, ocorre em um momento de tensões diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos, após o presidente Donald Trump anunciar tarifas contra produtos brasileiros.
Além de Lula e Boric, participam da reunião o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, o uruguaio Yamandú Orsi, e o chefe do governo da Espanha, Pedro Sánchez, informa a Folha de S.Paulo. O objetivo é debater soluções conjuntas frente ao avanço global da ultradireita, além de reforçar a defesa do multilateralismo, da justiça social e das instituições democráticas.
A iniciativa é uma continuidade dos esforços iniciados em 2024, durante a 79ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. Naquela ocasião, Lula e Sánchez organizaram o evento “Em defesa da democracia: combatendo o extremismo”, no qual advertiram para os riscos crescentes que ameaçam as democracias no mundo. “Recuar não vai apaziguar o ânimo violento de quem ataca a democracia para silenciar e retirar direitos. O pluralismo nos fortalece”, afirmou Lula à época. “A democracia em sua plenitude é base para promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas, livres do medo e da violência.”
Sánchez, por sua vez, destacou que os “ataques reacionários” têm caráter transnacional e apontou três elementos que minam a confiança da população nas instituições democráticas: desigualdade, desinformação e discurso de ódio. O líder espanhol defendeu ainda que tais encontros devem se tornar regulares, a fim de coordenar respostas políticas à onda reacionária global.
O encontro no Chile se dá em um contexto de realidades políticas distintas entre os participantes. Lula, que pode disputar a reeleição em 2026, enfrenta uma crise com os EUA após Trump reativar barreiras comerciais. Yamandú Orsi recém-iniciou seu mandato e representa o retorno da esquerda ao poder no Uruguai, podendo atuar como mediador no conturbado diálogo regional, especialmente com a Argentina de Javier Milei.
Já Gabriel Boric vive um momento de estabilidade relativa no Chile, com a esquerda unificada em torno da pré-candidatura da líder comunista Jeannette Jara. Em contrapartida, Gustavo Petro enfrenta uma grave crise ministerial na Colômbia, enquanto Pedro Sánchez tenta conter os danos provocados por denúncias de corrupção envolvendo seu partido, o PSOE.
Segundo o governo chileno, além da defesa da democracia, a reunião abordará a regulação de tecnologias emergentes, com foco no uso político das redes sociais e nos riscos do uso abusivo da inteligência artificial. A expectativa é de que as propostas do encontro sejam levadas à 80ª Assembleia-Geral da ONU, marcada para setembro, em Nova York.
Após a sessão de debates, os presidentes devem emitir uma declaração conjunta à imprensa e participar de uma mesa de diálogo com representantes da sociedade civil, intelectuais e acadêmicos. Estão confirmadas as presenças da ex-presidente chilena Michelle Bachelet, do economista sul-coreano Ha-Joon Chang, da filósofa americana Susan Neiman e do Nobel de Economia Joseph Stiglitz, que se somarão à construção de propostas políticas e econômicas em defesa das democracias ameaçadas.
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