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Cuba denuncia bloqueio dos EUA como política genocida e exige seu fim imediato

O chanceler Bruno Rodríguez afirma que bloqueio já custou mais de US$ 170 bilhões e limita o desenvolvimento econômico e social da ilha

Bruno Rodríguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba (Foto: Estúdios Revolución/Cuba)

247 - Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (17), o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, voltou a denunciar os efeitos nefastos do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos. Segundo ele, a medida, em vigor há mais de seis décadas, representa o maior obstáculo para o desenvolvimento da ilha e será tema de debate na Assembleia Geral da ONU nos dias 28 e 29 de outubro.

Reportagem do jornal Granma destaca que Rodríguez afirmou que o bloqueio não se resume a cifras financeiras, mas afeta diretamente a vida cotidiana das famílias cubanas. “É impossível expressar em números, em cifras, o dano emocional, a angústia, o sofrimento e a privação que o bloqueio inflige às famílias cubanas. Isso já acontece há várias gerações; mais de 80% dos cubanos nasceram depois do início do bloqueio”, afirmou.

Prejuízos bilionários e impactos sociaisDe acordo com o chanceler, somente no último período os danos ultrapassaram US$ 7,5 bilhões, um aumento de 49% em comparação ao relatório anterior. O valor acumulado desde o início do bloqueio chega a US$ 170,6 bilhões, cifra que, segundo cálculos oficiais, equivaleria a mais de US$ 2,1 trilhões se convertida ao preço do ouro.

“O que Cuba poderia ter feito, além de tudo de bom que fez nesses 60 anos, com essa cifra exorbitante, por uma economia pequena como a nossa?” - questionou Rodríguez, ressaltando que, sem as restrições, o Produto Interno Bruto cubano teria crescido 9,2% em 2024, uma das maiores taxas do continente.Entre os setores mais prejudicados estão saúde e a educação.

O país enfrenta dificuldades para importar equipamentos, medicamentos e peças de reposição, o que compromete indicadores de saúde pública e a qualidade de vida da população. O ministro destacou que, em apenas 10 minutos de bloqueio, Cuba perde recursos equivalentes ao custo de aparelhos auditivos para todas as crianças com deficiência matriculadas na educação especial.Perseguição financeira e sanções internacionaisRodríguez também denunciou que bancos estrangeiros sofrem pressão de Washington para evitar transações com Havana.

Segundo ele, 40 instituições financeiras recusaram-se a operar com Cuba e 140 transferências bancárias foram rejeitadas recentemente. A política de sanções, afirmou, atinge inclusive o fornecimento de combustível, afetando transporte público e fornecimento de energia.

O chanceler classificou como “politicamente motivadas” as medidas anunciadas pelos Estados Unidos em 2024, que prometiam benefícios ao setor privado cubano mas não foram implementadas. Ele criticou ainda a reintegração de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo e a aplicação do Título III da Lei Helms-Burton, que permite processos judiciais em tribunais norte-americanos contra empresas que negociam com Cuba.

Resistência e mobilização internacional

Apesar das dificuldades, Rodríguez reafirmou que o bloqueio não conseguiu nem conseguirá derrotar a Revolução Cubana. “Embora o bloqueio crie dificuldades, escassez e sofrimento para todas as nossas famílias, ele não atinge e nunca atingirá seu objetivo de colocar nosso povo de joelhos e nos fazer renunciar à Constituição vigente”, assegurou.

Ele destacou que, apenas em 2024, foram realizados mais de 2.000 eventos e declarações internacionais contra o bloqueio. Organismos das Nações Unidas também reconheceram o impacto negativo da política, como o Comitê para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, que apontou prejuízos diretos para mulheres e meninas em Cuba.

Tensões regionais e apelo à ONU

Na coletiva, o ministro criticou o aumento da presença militar norte-americana no Caribe, especialmente direcionada à Venezuela e a seu presidente Nicolás Maduro. Segundo Rodríguez, essa postura ameaça a paz regional e busca desestabilizar governos legítimos. Ele acusou políticos como o senador Marco Rubio e setores da extrema direita norte-americana de “trair os interesses nacionais de seu país” e tentar fomentar conflitos na região.

Por fim, Rodríguez apelou à comunidade internacional para que se mobilize em defesa do direito internacional e dos princípios da Carta das Nações Unidas. O governo cubano espera que a Assembleia Geral da ONU renove, mais uma vez, sua condenação ao bloqueio, em meio ao crescente apoio global ao fim da política imposta por Washington.

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