Cristina Kirchner denuncia "exclusão arbitrária" e cobra explicações do Judiciário sobre visitas domiciliares

247 - A ex-presidente da Argentina Cristina Fernández de Kirchner voltou a criticar publicamente o Judiciário de seu país, desta vez por meio de uma postagem na rede social X (antigo Twitter), nesta sexta-feira (20). Segundo reportagem da C5N, Cristina denunciou como “arbitrária” a norma que restringe as visitas que pode receber em sua residência no bairro de Constitución, em Buenos Aires, onde cumpre prisão domiciliar.

“Apenas podem me visitar, e mediante lista prévia, meu núcleo familiar, meus advogados e meus médicos. Um regime de exclusão totalmente arbitrário, que não se aplica a mais ninguém e é violador de meus mais elementares direitos civis”, declarou a ex-presidente.

Segundo a publicação, além do posicionamento nas redes, seus advogados apresentaram um recurso de reposição ao Tribunal Oral em lo Criminal Federal Nº 2. O objetivo é reverter o item III.c) da resolução de 17 de junho de 2025, que impôs as atuais restrições.

Proibição de visitas e críticas à Justiça - Cristina Kirchner relatou que pessoas próximas, como amigos e companheiros de militância, só podem visitá-la caso enviem solicitação formal ao tribunal e aguardem por uma autorização. “O resto das minhas relações com o mundo exterior... cada vez que quiserem me visitar, terão de apresentar pedido ao Tribunal e esperar pela autorização”, protestou.

Em tom irônico, a ex-presidente também escreveu: “de meus direitos políticos, melhor nem falar, fica para depois”, e questionou: “haverá uma Constituição e Códigos Penais e Processuais especiais, redigidos unicamente para mim e que nunca me ensinaram na faculdade?”.

No pedido apresentado ao Judiciário, a defesa de Cristina solicita que “se revogue por contrário imperium a decisão em questão e se deixem sem efeito as limitações dispostas no ponto transcrito”.

Presidente Lula visita Cristina Kirchner em julho - Em paralelo à repercussão judicial, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitará Cristina Kirchner entre 2 e 3 de julho. “Ele expressou seu desejo de estar com ela”, declarou o parlamentar.

Pimenta recordou os 580 dias que Lula passou preso injustamente em Curitiba e destacou o processo de mobilização social em torno de sua prisão. “Durante esse período, um grande processo de denúncias e mobilizações revelou as irregularidades da investigação”, disse. Ele comparou as situações de Lula e Cristina: “temos uma relação histórica, um compromisso de luta. E entendemos que há um processo de perseguição a Cristina”.

Ainda segundo o deputado, “poucas pessoas imaginavam que fosse possível esse cenário de Lula preso, e hoje Lula é presidente”. Para ele, essa reviravolta só foi possível graças “à coragem de Lula e Cristina”, “à mobilização social” e “à rede de apoio dos setores internacionais”.