Comunicadores lançam aliança pela verdade do Sul Global em fórum realizado em Caracas
Iniciativa reúne profissionais de 50 países e propõe nova ordem informativa baseada na soberania, justiça e solidariedade
247 - Mais de 220 comunicadores, jornalistas, pesquisadores e influenciadores de 50 países participaram, na capital venezuelana, do Fórum Vozes do Novo Mundo, que culminou com o lançamento da Aliança de Jornalistas pela Comunicação do Sul Global. A iniciativa se propõe a ser um espaço permanente de ação em defesa da soberania da informação, da diversidade cultural e do desenvolvimento autônomo dos povos do Sul., informa a Telesur.
O jornalista Leo Sobreira, do Brasil 247, participou do evento
A declaração final do evento, aprovada nesta terça-feira (30), afirma que “os povos têm o direito à verdade. De vivê-la, contá-la e conhecê-la”. A partir desta premissa, os participantes se comprometeram com um jornalismo ético, honesto e descolonizador, que reflita as realidades invisibilizadas pelos grandes conglomerados midiáticos internacionais.
A aliança nasce com o objetivo de fomentar uma nova ordem mundial da informação, sustentada na cooperação entre comunicadores comprometidos com a paz, a igualdade e o direito dos povos de se expressarem com voz própria. O texto aprovado no encerramento do encontro afirma: “Temos a capacidade, o discernimento e a convicção para construir uma nova ordem comunicacional”.
Além de ressaltar o papel transformador da verdade e da comunicação responsável, os profissionais presentes denunciaram a hegemonia das grandes corporações de mídia e das plataformas digitais que — segundo afirmam — distorcem as lutas populares e perpetuam narrativas coloniais. Para enfrentá-las, a aliança propõe o intercâmbio de conteúdos, a formação conjunta e o apoio a comunicadores perseguidos ou censurados.
“Respeitar e defender a verdade, a liberdade de expressão e o desenvolvimento soberano e independente de nossos povos é dever de nós que nos dedicamos ao jornalismo e à comunicação honestos”, destaca o comunicado.
Outro ponto central do fórum foi a defesa da causa palestina. Os participantes reafirmaram solidariedade à luta do povo palestino e denunciaram a manipulação da cobertura sobre os conflitos no Oriente Médio, que, segundo os organizadores, busca silenciar as vozes dos oprimidos. Eles convocaram jornalistas, acadêmicos e influenciadores a se engajarem em redes de comunicação alternativa baseadas na solidariedade e na cooperação internacional.
O encontro também abordou os desafios trazidos pela digitalização das comunicações. Foi destacada a necessidade de enfrentar a censura algorítmica, o controle monopolista das redes e o uso político das plataformas por potências estrangeiras. Nesse sentido, os participantes defenderam o desenvolvimento de ferramentas digitais soberanas e estratégias de comunicação libertadora, capazes de garantir um fluxo informativo mais justo e representativo.
A Aliança de Jornalistas pela Comunicação do Sul Global propõe-se, assim, como uma rede de articulação para fortalecer a comunicação entre os povos, capacitar profissionais, ampliar a visibilidade das lutas sociais e democratizar o acesso à informação. Em tempos de crescente desinformação e manipulação midiática, os signatários reafirmaram sua confiança na construção de uma “visão de mundo coletiva que fortaleça a voz do Sul Global”.
A criação dessa aliança em Caracas marca um passo decisivo na formação de um novo bloco comunicacional global, alinhado aos princípios da soberania, da autodeterminação e da pluralidade de narrativas. Para os organizadores do Fórum Vozes do Novo Mundo, trata-se de um esforço estratégico para reposicionar os povos do Sul como protagonistas na arena da informação global — um contraponto necessário à ofensiva desinformativa liderada pelo imperialismo estadunidense e por conglomerados alinhados aos seus interesses.
O evento foi encerrado com o compromisso de novas reuniões e projetos colaborativos, sinalizando que a luta por uma comunicação justa e soberana está apenas começando.
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