China condena postura dos EUA na América Latina e defende soberania regional
Porta-voz do governo chinês critica interferência de Washington e reafirma apoio à independência dos países latino-americanos
247 - Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (16), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, criticou duramente a atuação dos Estados Unidos na América Latina, informa a Prensa Latina.
Segundo Guo, os EUA devem abandonar sua "postura autoritária" em relação aos países da região e respeitar a autodeterminação dos povos. “A América Latina e o Caribe não são o quintal de ninguém”, declarou o porta-voz, reforçando o apelo para que Washington cesse suas práticas de ingerência nos assuntos internos de outras nações.
Guo Jiakun também acusou os EUA de conduzir, há anos, ações de espionagem e ataques cibernéticos contra países latino-americanos e caribenhos, o que, segundo ele, tem provocado insegurança e instabilidade no continente. “Os Estados Unidos devem parar de coagir outros países a tomar partido e parar de restringir o diálogo e a cooperação”, afirmou.
O representante da diplomacia chinesa reiterou o compromisso de Pequim com a construção de uma parceria baseada em respeito mútuo, igualdade e benefícios recíprocos. “A China sempre apoiou os países latino-americanos e caribenhos na defesa de sua independência e na oposição à hegemonia, intimidação e interferência estrangeiras”, enfatizou Guo.
As declarações chinesas ocorrem no contexto de um novo episódio de tensões diplomáticas entre EUA e China na América Latina. Recentemente, a Embaixada dos Estados Unidos no Panamá anunciou que irá colaborar com o Ministério da Segurança Pública panamenho para instalar sete novas torres de telecomunicações com “tecnologia segura dos EUA”, substituindo os equipamentos da empresa chinesa Huawei.
“Ao combater a influência negativa da China no Hemisfério Ocidental, os Estados Unidos estão trabalhando para tornar as Américas mais seguras”, publicou a representação diplomática norte-americana em suas redes sociais.
A resposta do presidente do Panamá, José Raúl Mulino, veio em tom crítico. Em comunicado oficial, ele pediu que a embaixada dos EUA “pare de fazer declarações públicas unilaterais sobre decisões independentes tomadas pelo governo panamenho”. Segundo Mulino, “os Estados Unidos não têm o direito de comentar as decisões do governo panamenho”.
O episódio expõe mais uma vez o crescente embate geopolítico entre Washington e Pequim pela influência na América Latina. Enquanto os EUA, sob a liderança do presidente Donald Trump, intensificam sua presença estratégica e econômica na região, a China amplia suas relações comerciais, diplomáticas e tecnológicas com países latino-americanos, desafiando a histórica predominância norte-americana.
Ao reafirmar sua disposição para cooperar com os países do continente de forma “aberta e inclusiva”, a China deixa claro que pretende continuar disputando espaço no chamado Hemisfério Ocidental — agora não apenas como parceiro comercial, mas também como defensora de um modelo de relações internacionais baseado na multipolaridade e no não intervencionismo.
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