Brasil e México firmam acordos sobre biocombustíveis e competitividade em resposta a tarifas de Trump
Assinaturas acontecem em visita do vice-presidente do Brasil ao México, com foco em biocombustíveis e cooperação comercial
247 - Em meio a um cenário de crescente tensão comercial, o México e o Brasil assinaram na quarta-feira (27) dois importantes acordos bilaterais nas áreas de biocombustíveis e competitividade. A iniciativa surge como resposta à pressão imposta pela política comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente determinou tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros e está em negociações com o México para evitar novas tarifas aduaneiras. As assinaturas ocorreram durante a visita oficial do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin (PSB), ao México.
Segundo comunicado emitido pelo governo mexicano, o foco principal dos acordos é fortalecer a cooperação nas áreas de biocombustíveis e competitividade, informa a AFP, em reportagem reproduzida pelo O Globo. Os países se comprometeram a explorar as melhores formas de colaborar na produção, regulamentação e certificação desses combustíveis renováveis. O México, que tem buscado aprimorar sua produção de energia sustentável, espera se beneficiar da experiência do Brasil no desenvolvimento de biocombustíveis. "O Brasil possui uma reconhecida experiência no desenvolvimento sustentável de biocombustíveis", afirmou o governo mexicano no texto oficial.
Além do setor de biocombustíveis, os países também estabeleceram uma parceria comercial mais ampla, com a assinatura de um memorando entre a Secretaria de Economia do México e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos (Apex). O objetivo desse acordo é aumentar a competitividade das empresas de ambos os países no mercado internacional e fortalecer suas capacidades institucionais. "Este acordo busca otimizar as relações comerciais e expandir o posicionamento global das empresas mexicanas e brasileiras", destacou o comunicado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem buscado aprofundar as relações comerciais com o México, considerando o momento de incerteza econômica enfrentado pelo Brasil após a imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos. O Brasil visa expandir o fluxo de mercadorias com o México, com especial interesse nos setores farmacêutico, agropecuário e aeroespacial. Em contrapartida, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, ressaltou as diversas oportunidades de complementaridade econômica entre os dois países. "Existem muitas áreas de colaboração, como na indústria farmacêutica e na fabricação de automóveis, onde ambos os países abrigam grandes montadoras globais", afirmou Sheinbaum, destacando as sinergias que podem ser exploradas.
Esses acordos refletem uma estratégia de resistência conjunta frente às políticas protecionistas dos Estados Unidos, consolidando ainda mais a parceria econômica entre as duas maiores economias da América Latina.