Turismo nacional movimentou R$ 22,8 bilhões em 2024, diz IBGE
IBGE aponta que brasileiros gastaram 11,7% mais em turismo nacional no último ano
247 - O turismo brasileiro registrou um crescimento expressivo nos gastos em 2024, mesmo sem aumento no número de viagens. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (2), os desembolsos em viagens nacionais com pernoite alcançaram R$ 22,8 bilhões, alta de 11,7% em relação ao ano anterior.
Segundo o IBGE , o total de viagens realizadas pelos brasileiros ficou em 20,6 milhões, repetindo o mesmo patamar de 2023. Para o analista da pesquisa, William Kratochwill, a alta nos valores aponta para mudanças no perfil de consumo: “Tivemos o mesmo número de viagens e um gasto maior, o que significa que viajar está mais caro ou, então, as pessoas estão fazendo viagens mais caras”.
Lazer e trabalho: os principais motivos das viagens
A pesquisa mostra que 85,5% das viagens foram de caráter pessoal, com destaque para o lazer, que respondeu por 39,8% do total. As visitas a familiares e amigos representaram 32,2%. Já as viagens profissionais somaram 14,5%, sendo 83% delas voltadas a negócios e compromissos de trabalho.
O sol e a praia ainda são as principais escolhas, mas perderam espaço: em 2020, representavam 55,5% das viagens de lazer; em 2024, ficaram em 44,6%. Por outro lado, o turismo cultural e gastronômico ganhou força e chegou a 24,4% das viagens, consolidando-se como a única modalidade em crescimento contínuo.
Nordeste lidera nos gastos médios
O Sudeste concentrou os maiores gastos totais (R$ 8,7 bilhões), seguido pelo Nordeste (R$ 7,4 bilhões) e Sul (R$ 4,1 bilhões). No entanto, o Nordeste registrou os maiores gastos médios por viagem, atingindo R$ 2.523.
Entre os estados, Alagoas se destacou como o destino mais caro, com gasto médio de R$ 3.790. Já o Distrito Federal liderou quando analisados os gastos de origem, com média de R$ 3.090.
Acesso desigual ao turismo
Apesar da movimentação bilionária, os dados mostram forte desigualdade no acesso às viagens. Dos 77,8 milhões de domicílios do país, apenas 19,3% tiveram ao menos um morador viajando em 2024.
A falta de dinheiro foi o principal motivo para não viajar, apontado por 24,6 milhões de domicílios (39,2%). A barreira é ainda maior entre famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo: apenas 10,4% delas conseguiram viajar. Já entre os lares com renda acima de quatro salários mínimos, 45,7% registraram ao menos uma viagem.
Transporte e hospedagem em transformação
O carro particular ou de empresa continua sendo o principal meio de transporte, utilizado em 50,7% das viagens. Entretanto, as viagens de avião cresceram e chegaram a 14,7% em 2024, ultrapassando os ônibus de linha (11,9%). “Com o fim da pandemia, há uma retomada dos transportes coletivos, com destaque para as viagens de avião”, analisou Kratochwill.
Na hospedagem, 40,7% dos viajantes ficaram em casa de amigos ou parentes, seguidos por hotéis e resorts (18,8%). O uso de imóveis por temporada, impulsionado por aplicativos, representou 5,2% do total.
Viagens internacionais em alta
Embora representem uma parcela pequena do total, as viagens internacionais tiveram aumento de 11,1% em 2024, chegando a 688 mil. O crescimento confirma uma retomada após os impactos da pandemia de Covid-19, com destaque para a ampliação do uso do transporte aéreo.