<p><b>247 - </b>Durante entrevista concedida à jornalista Regina Zappa no programa <i>Estação Sabiá</i>, da TV 247, o presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, fez uma enfática defesa da cultura como instrumento essencial para a consolidação da democracia brasileira. “O Brasil só poderá ser democrático na plenitude quando a justiça se realizar”, afirmou o poeta, romancista, ensaísta e tradutor. Para ele, apenas com justiça e memória será possível garantir um país verdadeiramente democrático.</p>
<p>Lucchesi destacou o papel central da Biblioteca Nacional — considerada pela Unesco uma das dez mais importantes do mundo — como símbolo do compromisso com a cidadania. “É preciso que todos compreendam que a Biblioteca Nacional é de todos. Ela pertence à cidadania. É o grande patrimônio da memória desse país”, declarou.</p>
<h3><b>Cultura como bússola ética da democracia</b></h3>
<p>Para Lucchesi, o fortalecimento das instituições democráticas exige investimento permanente em cultura, que deve atuar como “o maior vetor de resistência à barbárie”. Segundo ele, não há possibilidade de sobrevivência para a humanidade sem um compromisso ético com a cultura. “Ela tem que ser cada vez mais ética. Não podemos silenciar, por exemplo, diante do genocídio.”</p>
<p>“O máximo de uma democracia é a defesa de suas instituições democráticas e da nossa soberania”, afirmou, ao defender que a cultura precisa dialogar com os desafios da sustentabilidade, da inclusão e da diversidade: “A Biblioteca Nacional é dos brasileiros, sempre. É do planeta Terra, e não é possível que aqui a humanidade não se encontre como num espelho. E esse espelho tem que ser muito generoso para que nenhum rosto deixe de estar incluído.”</p>
<h3><b>O papel transformador da Biblioteca Nacional</b></h3>
<p>Lucchesi ressaltou que a Biblioteca Nacional possui um dos acervos mais importantes do mundo e cumpre um papel único na preservação e difusão do conhecimento: “Ela oferece títulos de jornais e revistas do século XVIII até ontem, ou hoje de manhã. Tenho grande amor por essa casa.”</p>
<p>Ele fez questão de homenagear os servidores da instituição: “O acervo depende das mãos e da sensibilidade dos servidores, que são magníficos e trazem o conhecimento de muitas gerações.”</p>
<p>Também destacou o caráter democrático da instituição ao lembrar que os mecanismos de busca da biblioteca facilitam o acesso ao público: “Em outras bibliotecas do mundo, as pessoas têm que preencher formulários, mostrar documentos. Aqui qualquer pessoa chega e faz a busca. A Biblioteca pulou na frente de muitas partes do mundo.”</p>
<h3><b>Inteligência Artificial e o risco do endeusamento da máquina</b></h3>
<p>Lucchesi expressou preocupação com o avanço desregulado da Inteligência Artificial (IA) e os impactos sociais dessa tecnologia: “Estamos acelerando o conhecimento como poucas vezes na humanidade. Mas a questão maior é como isso vai criar um impacto social.”</p>
<p>Segundo ele, é necessário um forte investimento na área para garantir que a IA seja desenvolvida com ética: “É preciso investir muito em Inteligência Artificial para que a gente se proteja de políticas de Estado que endeusem a máquina de forma radical e exasperante.”</p>
<p>O presidente da Biblioteca Nacional alertou ainda para o risco da “ditadura do algoritmo”: “O algoritmo é importante, nos beneficiamos e tal, mas ele não pode ser o messias. Precisamos pensar na ética dos algoritmos.”</p>
<p>Em sua visão, a inteligência artificial deve ser tratada de forma crítica, refletindo sobre temas como ética, racismo e cognição: “Estamos ampliando com especialistas de dentro e fora do Brasil e devemos estar na vanguarda. Mas precisamos prestar atenção.”</p>
<h3><b>Combate ao negacionismo</b></h3>
<p>Para Lucchesi, o maior inimigo da atualidade é o negacionismo, que ameaça os alicerces da razão e da democracia. A Biblioteca Nacional, segundo ele, está engajada no combate a essa distorção histórica e no fortalecimento da verdade como patrimônio coletivo.</p>
<p>Ao final da entrevista, Lucchesi reiterou: “Sonho com todas as bibliotecas do mundo conversando.” Assista:&nbsp;</p>
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Dafne Ashton

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Entrevistas

“Justiça plena é condição para democracia”, afirma Marco Lucchesi

<p><b>Regina Zappa para 247 - </b>O desembargador Siro Darlan acredita que um dos problemas mais graves do Brasil é o superencarceramento e a seletividade do sistema penal brasileiro, tema que nunca está em debate, segundo ele, na mídia tradicional. Em entrevista ao programa Mario Vitor e Regina Zappa, Siro Darlan falou sobre o romance “A cor da lei”, recém lançado por Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, preso há 29 anos. Falou ainda sobre privação da dignidade dos presos, legalização das drogas, a fronteira entre crime e poder, e o estigma da desigualdade.</p>
<p>Siro Darlan fundou, junto com mais 40 advogados a Academia Brasileira de Letras do Cárcere, da qual Márcio Nepomuceno é membro. Márcio está preso desde que tinha 20 anos. Seu livro, que desce às vísceras do sistema penitenciário, tem apresentação de Siro Darlan. Nele, Marcio conta como é o contato de um homem negro com o sistema penitenciário e como o negro e o pobre são os alvos preferenciais das batidas policiais.</p>
<p>Siro e um grupo de 40 advogados recentemente fundaram a Academia que acolhe escritores presos e ex-presidiários. Cada cadeira homenageia um escritor que esteve preso, como Graciliano Ramos, Nelson Mandela, Martin Luther King. Com 10 meses de existência a Academia já tinha preenchido as 20 cadeiras iniciais. Alguns dos acadêmicos ainda estão presos. Agora serão mais 20 cadeiras.</p>
<p>“Resolvemos dar voz e vez àqueles que estão atrás das grades. Márcio Nepomuceno, que eu me recuso a chamar de Marcinho VP, entrou na cadeia com 20 anos, idade em que fazemos misérias. Hoje ele tem 49 anos e é um escritor no cárcere. Há 29 anos está em situação de solitária. Márcio tem quatro filhos e dois netos e só fala com eles através de um vidro. Nunca pode abraçar seus filhos e netos. Seu filho Oruam, tem 24 anos, nunca conviveu com o pai, é cantor e um ídolo da juventude, com 20 milhões de seguidores. E é perseguido por ser filho do Márcio. Mas ninguém fala disso porque os atingidos são os pobres e os negros e o opressor continua com o mesmo discurso da época da escravidão.”</p>
<p>“Muita gente presa foi vítima de lawfare desde que a letra da lei resolveu perseguir políticos ou o inimigo da ocasião. Mas isso já existe no Brasil desde a abolição”, lembra Siro Darlan.</p>
<p>“Há cinco anos o STF declarou o sistema penal brasileiro em estado inconstitucional. A pena preferencial aplicada no Brasil é a privação da liberdade, mas na prática é também a privação da dignidade.”</p>
<p>Para o desembargador, educação é a única forma de libertação e de diminuição da desigualdade. “Assim se inibe a prática criminosa, uma vez que os crimes patrimoniais são a grande maioria. Se muitas dessas pessoas estivesses soltas podiam ser muito mais úteis à sociedade do que enjaulados para se transformarem em feras.” Segundo ele, o que temos “é uma pena de morte aplicada aos pouquinhos.”</p>
<p>O desembargador acredita que as drogas devem ser legalizadas. “O que causa a morte de pessoas inocentes ou não é a guerra às drogas, quando a polícia invade a comunidade com o objetivo de combater a droga, mas, na verdade, o objetivo é combater aquela gente pobre, que não tem nem como comprar a droga no exterior. Quem financia é o mercado financeiro. De vez em quando vemos helicópteros baixando em fazendas de políticos e nada acontece. A regra é prender preto e pobre na favela. A solução para mim é a legalização.”</p>
<p>Assista à íntegra da entrevista de Siro Darlan:&nbsp;</p>
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“Um dos problemas mais graves do Brasil é o superencarceramento e a seletividade do sistema penal brasileiro”, diz Siro Darlan

<p><b>247 - </b>Nesta terça-feira (12), a Livraria Drummond, no Conjunto Nacional, será o palco para o lançamento de uma edição revista e ampliada do livro "Para Seguir Minha Jornada: Chico Buarque 80 Anos", escrito por Regina Zappa. Com novos capítulos, a biografia abrange os últimos 13 anos da vida do compositor e cantor, além de revisitar episódios de sua infância e juventude. Aos 80 anos, Chico Buarque ganha uma homenagem que reflete sua influência no cenário musical e cultural brasileiro, apresentando a relação entre sua obra e os movimentos sociais e políticos do país.</p>
<p>Nesta versão, Zappa acrescenta relatos inéditos e momentos emblemáticos da trajetória recente de Chico, incluindo lançamentos de discos e o impacto do cenário político em sua produção artística. A obra revela os bastidores de sua última turnê, insights sobre seu processo criativo e a maneira como o artista continua a dialogar com o Brasil contemporâneo.</p>
<p>O lançamento está marcado para as 19h, com presença da autora e da cantora Mônica Salmaso, que assina o prefácio do livro e que dividirá com Regina Zappa um bate-papo sobre Chico e a relevância de sua obra. A nova edição do livro, descrita como um "livro-almanaque", traz fotos raras e manuscritos que ilustram diferentes fases da vida de Chico, compondo uma narrativa que conecta o público a suas músicas, letras e posições marcantes. Para fãs e admiradores, será uma oportunidade única de explorar a vida e obra de um dos artistas mais influentes do Brasil, em um evento que celebra o legado de Chico Buarque e seu impacto cultural no país.</p>

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