<p><b>247 – </b>As ações da Ambipar Participações e Empreendimentos S.A. (B3: AMBP3; NYSE: AMBP) tiveram forte recuperação nesta segunda-feira (29), com alta de cerca de 20% na B3 durante a tarde, refletindo o otimismo dos investidores em relação ao futuro da empresa. A informação foi <a href="https://brazilstockguide.com/insights/ambipar-shares-jump-restructuring-plan/">publicada pelo <b>Brazil Stock Guide</b></a> e reforçada em reportagem de <i>O Globo</i>.</p>
<p>O movimento positivo ocorre após o mercado interpretar que a crise financeira da companhia não decorre de fragilidades estruturais, mas de decisões equivocadas do ex-diretor financeiro João Arruda. Desde que obteve proteção judicial contra credores na quinta-feira passada (25), o papel já acumula valorização de 120% após forte queda anterior, encerrando o pregão de segunda a R$ 10,75.</p>
<h2>Decisões controversas do ex-CFO</h2>
<p>Arruda havia atuado anteriormente como assessor da Ambipar enquanto estava no Bank of America e, já como CFO da empresa, promoveu mudanças na estratégia de hedge da emissão de green bonds no valor de US$ 750 milhões em 2024.</p>
<p>Entre as medidas mais polêmicas, transferiu operações de swap para o Deutsche Bank e, em agosto de 2025, adicionou cláusulas <i>Payment-in-Kind</i> (PIK) aos contratos. Essas condições atrelaram exigências de colaterais ao desempenho dos títulos no mercado secundário. O que deveria reduzir riscos acabou drenando liquidez e agravando a crise.</p>
<h2>Plano de reestruturação em andamento</h2>
<p>Com o objetivo de reorganizar sua estrutura financeira, a Ambipar contratou o banco BR Partners como assessor para mapear dívidas e desenhar um plano de reestruturação. A companhia obteve ainda uma liminar na Justiça do Rio de Janeiro que suspende execuções por 30 dias, prorrogáveis por igual período.</p>
<p>A medida foi necessária após o Deutsche Bank exigir garantias vinculadas a um empréstimo de US$ 35 milhões, que poderia acelerar obrigações de até R$ 10 bilhões com instituições financeiras.</p>
<h2>Confiança do mercado retorna</h2>
<p>Apesar da gravidade da situação, o mercado recebeu positivamente a interpretação de que os problemas foram causados por um erro de gestão pontual. A leitura de investidores é de que a Ambipar mantém fundamentos sólidos e condições de avançar em sua reestruturação.</p>
<p>A disparada das ações reflete uma combinação de fatores: a saída de Arruda da diretoria financeira, a chegada da Seneca Evercore para liderar as negociações, a proteção judicial temporária contra credores e a expectativa de um plano robusto de renegociação da dívida.</p>

Redação Brasil 247

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Economia

Ambipar salta 20% após saída de ex-CFO e avanço em plano de reestruturação

<p><b>247 – </b>A Ambipar ganhou notoriedade no mercado internacional de dívida em fevereiro de 2024, quando realizou a maior emissão privada de <i>green bonds</i> da história do Brasil: US$ 750 milhões, com vencimento em 2031. A operação, celebrada como marco de sustentabilidade financeira, contou com a recomendação de João Arruda, então diretor do Bank of America.</p> <p>Segundo <a href="https://platobr.com.br/como-a-ambipar-foi-de-recordista-em-green-bonds-a-pressao-nos-mercados"><u><b>reportagem do PlatôBR</b></u></a>, Arruda sugeriu que a companhia contratasse um derivativo de swap cambial, protegendo 100% da emissão contra oscilações do dólar. Assim, a dívida originalmente em moeda estrangeira foi convertida para reais, acrescida de taxas, tornando-se mais previsível frente ao fluxo de caixa da empresa</p> <h2><b>A segunda emissão e a reestruturação da dívida</b></h2> <p>No ano seguinte, em fevereiro de 2025, a Ambipar voltou ao mercado com uma nova emissão de US$ 493 milhões, com vencimento em 2033. Parte do montante — cerca de US$ 200 milhões — foi destinada ao pré-pagamento da primeira emissão. Dessa forma, a companhia passou a carregar duas dívidas relevantes: US$ 550 milhões com vencimento em 2031 e US$ 493 milhões com vencimento em 2033</p> <p>Nesse período, João Arruda, já como CFO da Ambipar, transferiu o swap da primeira emissão do Bank of America para o Deutsche Bank e contratou um novo swap para a segunda operação.</p> <h2><b>O aditivo com o Deutsche Bank e o gatilho da crise</b></h2> <p>O ponto crítico veio em 18 de agosto de 2025, quando a Ambipar assinou um aditivo com o Deutsche Bank, alterando as condições de garantia da operação de 2031. A nova estrutura, conhecida como PIK (Payment-in-Kind), vinculava o derivativo ao desempenho dos <i>bonds</i> no mercado secundário.</p> <p>Na prática, o contrato exigia que a empresa depositasse garantias adicionais imediatas sempre que houvesse queda no preço dos títulos. O que deveria funcionar como proteção acabou se transformando em um mecanismo que amplificou os riscos, drenando o caixa da companhia e acentuando a desvalorização de seus ativos</p>  <figure><img src="https://cdn.brasil247.com/pb-b247gcp/swp/jtjeq9/media/20250929060932_62cce464058c11f9e0d1034fecf58a5a25bbc105201ce7f099bc0a14efef9cfa.png" data-media-id="editor_1" data-image-id="20250929060932_62cce464058c11f9e0d1034fecf58a5a25bbc105201ce7f099bc0a14efef9cfa" data-rendition-name="original" width="2138" height="1244" loading="lazy" alt="Gráfico mostra as operações de alítissimo risco tomadas pelo ex-direitor João Arruda junto ao Deutsche Bank"><figcaption>Gráfico mostra as operações de alítissimo risco tomadas pelo ex-direitor João Arruda junto ao Deutsche Bank<span>(Photo: Bloomberg)</span></figcaption></figure>  <h2><b>A saída do CFO e a espiral de desconfiança</b></h2> <p>O cenário se agravou em 19 de setembro de 2025, quando João Arruda pediu renúncia ao cargo de CFO. Sua saída levou ao cancelamento de reuniões com investidores, programadas por ele próprio, aumentando a percepção de descontrole e má gestão.</p> <p>O impacto foi imediato: os <i>bonds</i> internacionais, as debêntures locais e as ações da Ambipar negociadas tanto na B3 quanto na Bolsa de Nova York sofreram forte desvalorização. A combinação de quedas de cotações com chamadas de margem automáticas colocou a empresa em uma espiral negativa, que ameaça sua liquidez e pode culminar em pedido de recuperação judicial dentro de 30 a 60 dias</p> <h2><b>O caso sob suspeita</b></h2> <p>O episódio levanta questionamentos sobre a conduta do Deutsche Bank na negociação e sobre as decisões tomadas por João Arruda, que, de conselheiro do Bank of America, tornou-se CFO da Ambipar e conduziu as operações de alto risco que agora comprometem a sobrevivência da empresa.</p> <p>O Caso Ambipar expõe não apenas os riscos financeiros de estruturas complexas no mercado de dívida, mas também coloca sob suspeita práticas que envolvem conflitos de interesse e cláusulas que podem transformar proteção em armadilha.</p>

Caso Ambipar: a operação que coloca sob suspeita o Deutsche Bank e o ex-diretor financeiro da empresa

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