247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta quarta-feira (13) com o cientista político norte-americano Steven Levitsky, professor de Harvard e coautor do best-seller “Como as Democracias Morrem”. Em publicação nas redes sociais, Lula afirmou que a conversa foi uma oportunidade de debater a defesa das instituições brasileiras diante de ameaças recentes.
<blockquote>&nbsp;“Vivemos uma tentativa de golpe. Planos para assassinar autoridades e manter no poder um grupo político que perdeu as eleições presidenciais. Tudo isso culminou no 8 de janeiro de 2023, que ficou marcado pelo rastro de destruição nas sedes dos Três Poderes”, escreveu o presidente.</blockquote>
Segundo Lula, o encontro reforçou a importância de ouvir vozes internacionais comprometidas com o fortalecimento das democracias. “Em momentos onde o extremismo tenta subverter os princípios básicos da sociedade brasileira, inclusive o voto popular, é sempre importante ouvir vozes que defendem a democracia”, destacou.
<h2>Quem é Steven Levitsky</h2>
Steven Levitsky é professor de governo na Universidade de Harvard e referência internacional em estudos sobre regimes autoritários e democracia. Ao lado de Daniel Ziblatt, é autor de “Como as Democracias Morrem”, obra que analisa como sistemas democráticos entram em colapso, muitas vezes não por golpes militares, mas por meio do enfraquecimento gradual das instituições.

Guilherme Paladino

Lula e Steven Levitsky, cientista político e autor do best-seller “Como as Democracias Morrem”

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Brasil

Lula recebe Steven Levitsky no Planalto: "sempre importante ouvir vozes que defendem a democracia"

247 - As instituições democráticas do Brasil estão, atualmente, funcionando de maneira mais eficaz do que as dos Estados Unidos, segundo avaliação do cientista político Steven Levitsky, professor da Universidade de Harvard e autor do best-seller Como as democracias morrem. Em entrevista publicada pela <a href="https://www.bbc.com/portuguese/articles/cz6gqxe745jo">BBC News Brasil</a>, o pesquisador afirmou que a resposta brasileira às ameaças golpistas foi mais forte e coordenada do que a reação norte-americana à tentativa de invasão do Capitólio em 2021.
<blockquote>“Acho que hoje o Brasil é um sistema mais democrático do que os Estados Unidos. Esse pode não ser o caso daqui a um ano, mas hoje as instituições brasileiras estão funcionando melhor”, afirmou Levitsky.</blockquote>
STF e defesa da democracia - Levitsky elogiou o papel desempenhado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no enfrentamento ao autoritarismo durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Para o professor, a Corte “fez um importante trabalho de proteção da democracia”, mas ponderou que, superada a crise institucional, o STF deverá retornar aos limites de sua função constitucional.
<blockquote>“Sempre que há um órgão não eleito formulando políticas, se está em um território perigoso em uma democracia”, alertou.</blockquote>
No caso do julgamento de Bolsonaro, Levitsky considera legítima a atuação da Corte. “Este é o trabalho do tribunal: julgar Bolsonaro e puni-lo, se ele for de fato considerado culpado”.
Críticas a Donald Trump - O cientista político condenou as ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil, como a imposição de tarifas comerciais de 50% e as sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e seus aliados. Segundo Levitsky, essas medidas são baseadas em desinformação e não fazem parte de uma política de Estado, mas sim de um “capricho pessoal” de Trump.
<blockquote>“O que vemos é um capricho pessoal de Trump baseado em muita desinformação, muita ignorância e muita arrogância”, disse. “Não se trata de uma política séria, mas de um país muito grande, rico e poderoso, fazendo política externa de uma república das bananas".</blockquote>
Ele destacou que, ao contrário das intervenções da Guerra Fria, as atuais tentativas de interferência são desorganizadas e motivadas por interesses pessoais. Para Levitsky, Trump foi convencido pela família Bolsonaro de que o ex-presidente brasileiro é vítima de uma perseguição semelhante à que ele próprio alega sofrer.
<blockquote>“Acredito que Trump esteja fazendo isso por motivos pessoais”, afirmou. “De nações que não são potências nucleares, que não são a Rússia ou a China, Trump espera subserviência. E governos como o Brasil, que não se curvam, têm mais chances de se tornarem alvos".</blockquote>
Democracia nos EUA em retrocesso - Na entrevista, Levitsky também fez duras críticas à situação política dos Estados Unidos. Segundo ele, o país deixou de ser uma democracia plena nos últimos seis meses e vive hoje uma forma “branda e reversível” de autoritarismo.
<blockquote>“Pessoas podem ser presas ou sofrer uma investigação fiscal por se oporem ao governo. A mídia pode ser processada. [...] A democracia dos EUA não está apenas ameaçada, ela foi descarrilada".</blockquote>
Ele também criticou a falência dos mecanismos de controle institucional, como o sistema de pesos e contrapesos, a responsabilização do Legislativo e do Judiciário, e o papel do Partido Republicano.
Bolsonaro x Trump - Ao comparar as reações institucionais no Brasil e nos EUA frente às tentativas de golpe, Levitsky apontou que o Brasil respondeu de maneira mais firme e adequada ao impedir a candidatura de Bolsonaro e processá-lo judicialmente. Enquanto isso, Trump foi autorizado a concorrer à reeleição e venceu.
<blockquote>“As instituições democráticas do Brasil parecem ter respondido de forma muito mais saudável do que as dos Estados Unidos".</blockquote>
Ameaças globais e risco de imitação - Steven Levitsky também alertou para o risco de que outros países adotem posturas semelhantes às de Trump, caso ele seja visto como bem-sucedido. Para o cientista político, preservar a ordem internacional baseada em regras depende do fracasso de líderes autoritários.
<blockquote>“Se estivermos interessados em preservar a ordem internacional baseada em regras que prevalece desde a Segunda Guerra Mundial, governos como os de Putin e Trump não podem ser percebidos como bem-sucedidos".</blockquote>
Por fim, ele afirmou que o Brasil está sendo intimidado por uma potência estrangeira por não se curvar aos interesses dos Estados Unidos — o que, segundo ele, mina a democracia brasileira.

Guilherme Levorato

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