Nathalia Urban por Milenna Saraiva

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Consumo interno chinês precisa alcançar 70% do PIB até 2035, aponta conselheiro econômico da China

Meta proposta por Peng Sen visa alinhar economia da China aos níveis observados nos países desenvolvidos

Praça Tiananmen, centro de Pequim, China (Foto: Divulgação/CRI)

247 - A China precisa aumentar seu consumo interno e alcançar uma participação de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2035. A avaliação é do economista Peng Sen, presidente da China Society of Economic Reform, em declaração divulgada pela agência Bloomberg. Peng destacou a necessidade de reequilibrar o modelo econômico chinês, hoje muito dependente de investimentos e exportações.

Atualmente, o consumo doméstico representa cerca de 55% do PIB da China, percentual inferior ao observado em economias desenvolvidas, que registram até 80% na mesma métrica. Peng, que já foi vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), destacou durante o Fórum Boao, nesta terça-feira (26), para a Ásia a importância de deslocar o foco das despesas públicas.

"Nosso sistema fiscal costumava se concentrar em investir pesadamente em projetos, mas agora precisamos mudar para investir nas pessoas", afirmou Peng. Ele acrescentou que a China precisa "reduzir essa diferença internacional" para garantir um crescimento sustentável a longo prazo.

As declarações reforçam uma meta já discutida pelo governo chinês, que elegeu o fortalecimento do mercado interno como prioridade econômica, especialmente diante das crescentes tensões geopolíticas que ameaçam reduzir o desempenho das exportações e limitar o retorno dos investimentos externos.

Manter o crescimento histórico chinês é o desafio

Nos últimos 40 anos, a economia chinesa vivenciou uma expansão sem precedentes, baseada principalmente em um forte setor industrial e grandes obras de infraestrutura. Esse modelo criou uma economia altamente produtiva, mas com baixo nível de consumo interno.

Peng defende que, para manter o ritmo de crescimento econômico, a China deve ampliar o consumo doméstico em 5 a 8 pontos percentuais do PIB nos próximos cinco anos. A principal estratégia para alcançar essa mudança seria aumentar os níveis de renda e melhorar a distribuição de riquezas entre a população.

Desde as reformas econômicas iniciadas por Deng Xiaoping, na década de 1970, a China saiu de uma economia agrária para se tornar a segunda maior economia do mundo, alcançando em 2023 um PIB estimado em US$ 17,8 trilhões, respondendo por quase 17% da economia global.

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