China reforça parceria com África em feira que projeta US$ 11 bilhões em acordos
Quarta edição da Expo Econômica China-África destaca industrialização africana, comércio justo e investimentos sustentáveis
247 - A quarta edição da Exposição Econômica e Comercial China-África foi aberta nesta quinta-feira (12) em Changsha, na província de Hunan, sul da China. Segundo informou a agência estatal Xinhua, o evento consolida os laços entre o maior país em desenvolvimento do planeta e o continente que abriga o maior número de nações em desenvolvimento. A feira, que vai até domingo, deve reunir mais de 30 mil participantes e quase 4.700 empresas da China e da África.
Com o tema “China e África: Juntos rumo à modernização”, a feira deve culminar em acordos preliminares que ultrapassam US$ 11 bilhões em valor, conforme dados divulgados pelos organizadores.
Durante a cerimônia de abertura, o chanceler chinês Wang Yi destacou o caráter duradouro e estratégico da relação. “Não importa como o cenário internacional mude, a China sempre estará ao lado da África, oferecendo apoio firme para a modernização do continente e sendo um verdadeiro amigo e irmão sincero na jornada africana rumo ao desenvolvimento”, afirmou Wang, que também integra o Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China.
Além de Wang Yi, participaram da abertura a primeira-ministra de Uganda, Robinah Nabbanja, o vice-presidente da Libéria, Jeremiah Kpan Koung, e o ministro de Relações Exteriores do Quênia, Musalia Mudavadi.
Modernização e cooperação concreta entre China e África
Para Wang Yi, a busca pela modernização une os mais de 2,8 bilhões de habitantes da China e da África e sustenta o projeto de uma comunidade de futuro compartilhado. Ele ressaltou que Pequim está comprometida em ampliar a abertura econômica com o continente, incentivar as importações africanas e aprofundar a cooperação prática para acelerar a industrialização e a transformação digital africanas.
O evento também marca a aplicação de planos de ação aprovados na última cúpula do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), realizada em Pequim. De acordo com Song Wei, professora da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, a feira “serve como uma plataforma internacional para promover o intercâmbio, aumentar o entendimento mútuo e ampliar as oportunidades de cooperação”.
Ao longo dos quatro dias, estão previstas 30 atividades relacionadas a áreas como cadeias produtivas industriais, mineração verde, infraestrutura, medicina tradicional, economia cultural e empreendedorismo juvenil. Destaque para os nove acordos assinados em áreas como energia, transporte e manufatura, que somam quase 2,5 bilhões de yuans.
Outros projetos anunciados incluem a construção de uma usina fotovoltaica de 50 megawatts em Choma, na Zâmbia, um centro de distribuição de autopeças na Nigéria e um armazém de materiais de construção no Egito.
“A China está nos ajudando”, diz ministro de Moçambique
Presente em Changsha, o ministro da Saúde de Moçambique, Ussene Isse, ressaltou a importância do evento. “A feira é muito importante para a África, porque agora os Estados Unidos cortaram muitos apoios financeiros. E a China está ajudando países pobres como o nosso. Por isso estamos aqui para buscar oportunidades de melhorar os serviços de saúde em Moçambique”, afirmou ao jornal Global Times.
Isse também destacou a valorização da medicina tradicional moçambicana. “Temos uma grande cooperação com a China no nosso país. Agradecemos muito por tudo o que a China está fazendo por Moçambique. Isso é fundamental neste momento”, disse.
Feira exibe integração cultural e entusiasmo comercial
Os corredores do Centro Internacional de Convenções e Exposições de Changsha fervilham de atividades. Nos estandes de países como Uganda, expositores cantam e dançam ao som de tambores africanos. Em outro, no pavilhão de Malawi, uma vendedora grita “buy, buy, buy!” em mandarim para atrair os visitantes.
O ruandês Gatera Andrew, fluente em chinês, promove seus grãos de café com desenvoltura. “Esta é a terceira vez que venho à feira. Acho uma grande oportunidade de conectar nossos produtos com o mercado chinês”, declarou. Ele também elogiou as políticas de incentivo à importação de alimentos africanos.
No estande de Uganda, Agaba David dançava ao som de música enquanto mostrava seus ornamentos artesanais. “É a minha primeira vez aqui, e gosto muito dos consumidores chineses. Quero que venham a Uganda”, disse.
Já o malinês Mamoudou Dabo relatou um fluxo inesperado de compradores. “Estou muito ocupado… cansado… Há muitos clientes, superou minhas expectativas”, afirmou, explicando que algumas bolsas já estavam esgotadas mesmo antes da abertura oficial ao público.
China busca consolidar papel de liderança no Sul Global
A continuidade desses grandes encontros, na avaliação do professor Song, confirma a disposição chinesa em sustentar o multilateralismo, estimular o crescimento conjunto e fomentar um modelo de governança global mais equilibrado e justo.
Para a pesquisadora He Wenping, do Instituto de Estudos da Ásia Ocidental e da África da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a atuação chinesa contrasta com a postura dos Estados Unidos. “Enquanto os EUA impõem tarifas de maneira irresponsável, a China age com pragmatismo ao apoiar a modernização da África”, declarou.
He acredita que a cooperação sino-africana em setores como economia digital, finanças e energia limpa poderá não só diversificar o comércio da China, como também fortalecer a resiliência africana e promover uma globalização mais equitativa.
O porta-voz do Ministério do Comércio chinês, He Yadong, destacou que “diante de um ambiente externo complexo e instável, a China continuará a ampliar sua abertura em alto nível e a promover um desenvolvimento de alta qualidade como forma de enfrentar as incertezas externas”.
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