Nathalia Urban por Milenna Saraiva

Esta seção é dedicada à memória da jornalista Nathalia Urban, internacionalista e pioneira do Sul Global

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China acelera desenvolvimento de robôs humanóides para múltiplas aplicações

Tecnologia avança em ritmo acelerado e ganha espaço em universidades, fábricas e centros de exposição, com previsão de uso doméstico em breve

Robô humanoide em exposição ma China (Foto: (Xinhua/Ju Huanzong))

247,  com informações da agência Xinhua – A China tem dado passos significativos no desenvolvimento de robôs humanóides, posicionando-se como líder global em uma das frentes mais promissoras da inteligência artificial. Durante o Fórum Zhongguancun 2025, realizado em Pequim, cerca de 100 robôs foram apresentados executando tarefas diversas, como recepção de visitantes, apresentações musicais e condução de eventos — um retrato vívido da rápida evolução dessa tecnologia.

Um dos destaques da mostra foi Kuavo, robô desenvolvido pela empresa Leju Robotics, de Shenzhen. Atuando no Centro Internacional de Inovação Zhongguancun, o humanoide tem demonstrado grande versatilidade: atende visitantes, responde perguntas e orienta o público pelas instalações. “Com 1,7 metro de altura e avançadas capacidades cognitivas, Kuavo é nosso robô de serviço de próxima geração”, afirmou Guo Da, gerente de vendas da empresa. O modelo já está presente em universidades, centros de exposição e fábricas automobilísticas, com previsão de entrar nos lares chineses em breve.

Aposta estratégica e metas ambiciosas

Dados do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China apontam que o país detém mais de 190 mil patentes ativas em robótica, representando cerca de dois terços do total mundial. De acordo com o Instituto Chinês de Eletrônica, o mercado de robôs humanóides deve alcançar 870 bilhões de yuans (cerca de 120 bilhões de dólares) até 2030.

Essa ascensão é impulsionada por políticas públicas robustas. O governo de Pequim lançou recentemente um plano de ação trienal para fomentar a inovação em inteligência incorporada, com apoio de um fundo de 100 bilhões de yuans. Províncias como Guangdong, Sichuan e Shanxi também têm adotado estratégias similares para fortalecer o setor.

Segundo Su Guobin, vice-diretor do Departamento Municipal de Economia e Tecnologia da Informação de Pequim, a inteligência incorporada já deixou os laboratórios e avança rapidamente rumo à comercialização em larga escala.

Modelos avançados e novos desafios técnicos

Diversas empresas chinesas já estão introduzindo robôs humanóides em cenários comerciais. O Tiangong Ultra, do Centro de Inovação em Robôs Humanóides de Pequim, é capaz de correr a 12 km/h e subir degraus de até 35 cm. O modelo se prepara para participar da primeira maratona de robôs humanóides.

Outro exemplo é o Walker S1, desenvolvido pela empresa UBTECH, de Shenzhen, que atualmente realiza inspeções de qualidade com alta precisão em uma linha de montagem da Audi.

O ritmo de adoção cresce rapidamente. O presidente da Leju Robotics, Leng Xiaokun, informou que o Kuavo recebeu 250 pedidos apenas no primeiro trimestre de 2025, superando a meta da empresa para metade do ano.

A Unitree Robotics, outra gigante do setor, também avança com estratégias de aumento de eficiência produtiva e transição dos sistemas pré-treinados para modelos adaptativos autônomos, conforme destacou Wang Qizhou, vice-gerente geral da companhia.

A China enxerga os robôs humanóides não apenas como ferramentas, mas como símbolo de uma nova era da inteligência artificial. Com apoio governamental e participação ativa da indústria privada, o país transforma ambições tecnológicas em produtos concretos, ampliando sua influência global em um dos setores mais estratégicos do século XXI. O Kuavo é apenas o início.

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