Peste negra: caso é confirmado na Califórnia após picada de pulga
Morador de South Lake Tahoe é diagnosticado com a doença rara. Autoridades reforçam alerta sobre riscos em áreas com roedores silvestres
247 - Um homem residente em South Lake Tahoe, na Califórnia, foi diagnosticado com peste negra, também chamada de peste bubônica. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (22) pelo Departamento de Saúde Pública do estado, segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo. O paciente encontra-se em recuperação domiciliar, sob acompanhamento médico.
De acordo com as autoridades de saúde, a infecção provavelmente ocorreu após uma picada de pulga infectada durante um acampamento na região. O caso está sob investigação. “A peste está naturalmente presente em muitas partes da Califórnia, incluindo áreas de maior altitude no Condado de El Dorado. É importante que as pessoas tomem precauções para si mesmas e para seus animais de estimação quando estiverem ao ar livre, especialmente ao caminhar, fazer trilhas ou acampar em áreas onde há roedores silvestres”, alertou Kyle Fliflet, diretor interino de Saúde Pública do condado.
A doença e seus riscos
A peste bubônica é causada pela bactéria Yersinia pestis. Conhecida por dizimar milhões de pessoas entre os séculos XIV e XV, quando recebeu o nome de peste negra, a doença matou entre 75 e 200 milhões de pessoas — cerca de até metade da população de Europa, Ásia e África. O termo “negra” se refere ao efeito de gangrena, que leva à necrose de tecidos das extremidades do corpo.
Atualmente, os casos são raros e a infecção é menos letal, já que o tratamento com antibióticos costuma ser eficaz quando iniciado precocemente. Ainda assim, os sintomas podem ser graves, surgindo até duas semanas após a exposição: febre, náusea, fraqueza e ínguas (linfonodos inchados).
Histórico da peste nos Estados Unidos
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a peste chegou ao território norte-americano em 1900, levada por ratos em navios que saíram de áreas já afetadas. Epidemias ocorreram em cidades portuárias, sendo a última registrada em Los Angeles entre 1924 e 1925. Desde então, a bactéria se estabeleceu em roedores silvestres no oeste do país, incluindo a Califórnia.
De 2000 até hoje, os EUA registram em média menos de dez casos humanos por ano. Em El Dorado, o último caso confirmado havia ocorrido em 2020, também em South Lake Tahoe. Antes disso, duas pessoas foram infectadas em 2015 no Parque Nacional de Yosemite, ambas recuperadas após tratamento.
Medidas de prevenção
As autoridades de saúde reforçam que a transmissão ocorre geralmente pela picada de pulgas infectadas que vivem em esquilos e outros roedores silvestres. Animais domésticos, como cães e gatos, podem carregar pulgas contaminadas para dentro de casa. Para reduzir os riscos, recomenda-se evitar contato com roedores, impedir que pets explorem tocas e manter atenção redobrada em áreas de acampamento ou trilhas.
Entre 2021 e 2024, foram encontrados 41 esquilos com evidências de exposição à bactéria na Califórnia, e em 2025 outros quatro já testaram positivo. Esse monitoramento é fundamental para prevenir novos surtos.
Situação no Brasil
O Ministério da Saúde informa que o último caso de peste bubônica registrado no Brasil ocorreu em 2005, no município de Pedra Branca, no Ceará. Desde então, não houve novos registros, embora áreas do Nordeste permaneçam sob vigilância devido à possibilidade de circulação da bactéria entre roedores.
A confirmação recente nos Estados Unidos reacende o alerta global sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce diante de uma doença histórica que, embora rara, ainda resiste nos dias atuais.