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Ministério da Saúde cria sala de situação para monitorar intoxicação por metanol

Nova estrutura vai coordenar ações nacionais diante do aumento de casos relacionados a bebidas adulteradas

Alexandre Padilha (Foto: Walterson Rosa/MS)

247 - O Ministério da Saúde anunciou a instalação de uma sala de situação para acompanhar os casos de intoxicação por metanol em todo o país. A iniciativa busca centralizar informações e definir estratégias emergenciais diante da escalada de notificações. As informações são do g1.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explicou que o espaço terá papel fundamental no enfrentamento da crise. “Nós estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país”, afirmou.

A equipe técnica será formada por representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, além de membros da Anvisa, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e das secretarias estaduais de São Paulo e Pernambuco.

O ministério informou que a estrutura terá caráter extraordinário e funcionará enquanto persistirem os riscos sanitários e a necessidade de monitoramento nacional. A pasta também enviou nota técnica a estados e municípios com diretrizes para atendimento de pacientes e notificação imediata de novos casos.

Números mais recentes da crise

De acordo com o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional), até o dia 1º de outubro foram registradas 43 notificações de intoxicação por metanol. Entre elas, 39 em São Paulo — com 10 casos confirmados e 29 em investigação — e quatro em Pernambuco. Uma morte já foi confirmada em São Paulo, enquanto outras sete seguem sob análise.

O governo paulista detalhou que, além dos 10 casos confirmados, há cinco mortes em apuração. Os sintomas incluem perda de visão, insuficiência respiratória, falência renal e até evolução para coma e óbito.

Vítimas e relatos de famílias

O impacto da ingestão de bebidas adulteradas tem sido devastador. O jovem Rafael Anjos Martins, de 28 anos, entrou em coma após consumir gin comprado em uma adega na zona sul de São Paulo. Amigos que beberam da mesma garrafa também apresentaram sintomas, como relatou Nathalia Carozzi Gama: “As coisas estavam com muito contraste e muita falta de ar, com mal-estar, um peso no corpo. Eu fui para o hospital, fizeram o exame e viram que estava com metanol”.

Em outro caso, a designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, perdeu completamente a visão após ingerir caipirinhas feitas com vodca em um bar no bairro dos Jardins, na capital paulista. “Era uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada”, disse em entrevista ao Fantástico.

A jovem Bruna Araújo de Souza, de São Bernardo do Campo, permanece em estado grave após consumir vodca em um show de pagode. Familiares relatam que ela apresentou dor intensa no corpo, falta de ar e visão embaçada horas depois do evento.

O caso mais trágico envolve o advogado e empresário Marcelo Lombardi, de 45 anos, que morreu após beber vodca adulterada em casa. Segundo familiares, ele foi encontrado desorientado, sem visão, e evoluiu para falência múltipla dos órgãos. “Perdemos a nossa base”, desabafou a irmã.

Risco do metanol para a saúde

O metanol é um álcool usado em produtos industriais, como solventes, e extremamente tóxico para consumo humano. No organismo, é metabolizado em substâncias que atacam o fígado, a medula, o sistema nervoso central e o nervo óptico, podendo causar cegueira, insuficiência respiratória, coma e morte.

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