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      Desigualdade social acelera envelhecimento, diz estudo internacional

      Riscos de declínio cognitivo são maiores em países mais desiguais

      (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
      Guilherme Levorato avatar
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      Agência Brasil - Um estudo publicado na revista científica Nature Medicine indica que o envelhecimento cerebral é acelerado por fatores como instabilidade política, poluição do ar e alta desigualdade social. A pesquisa foi desenvolvida por 41 cientistas, entre eles três brasileiros apoiados pelo Instituto Serrapilheira, instituição privada sem fins lucrativos.

      Foram analisados dados de 161.981 participantes em 40 países, incluindo o Brasil. Modelos de inteligência artificial (IA) e modelagem epidemiológica permitiram aos pesquisadores avaliar “diferenças de idade biocomportamentais (BBAGs)”. O termo é usado para medir a diferença entre a idade real de uma pessoa e o que era previsto para sua idade com base na saúde, cognição, educação, funcionalidade e fatores de risco, como saúde cardiometabólica ou deficiências sensoriais.

      Para os autores, o estudo desafia uma noção tradicional de que o envelhecimento é influenciado apenas por questões individuais, como genética e estilo de vida.

      “Os resultados mostram, de maneira marcante, que o local onde vivemos pode nos envelhecer de forma acelerada, aumentando o risco de declínio cognitivo e funcional. Em um país desigual como o Brasil, esses achados são extremamente relevantes para políticas públicas”, diz Eduardo Zimmer, professor da UFRGS e um dos autores do estudo.

      Segundo os pesquisadores, o envelhecimento mais rápido pode ser associado a fatores como:

      • níveis mais baixos de renda;
      • má qualidade do ar;
      • desigualdade de gênero;
      • questões migratórias;
      • falta de representação política;
      • liberdade partidária limitada;
      • direitos de voto restritos;
      • e democracias frágeis.

      Países com altos índices de corrupção, baixa qualidade democrática e pouca transparência têm maiores índices de envelhecimento. Um trecho do estudo diz que a confiança no governo está associada a melhores condições de saúde. Já a desconfiança e a polarização política aumentam a mortalidade e enfraquecem as respostas de saúde pública.

      Os cientistas sugerem que pessoas expostas de forma prolongada a contextos de governança instável podem sofrer de estado crônico de estresse, declínio cardiovascular e cognitivo.

      Europeus (França, Alemanha, Suíça, entre outros) e asiáticos (China, Coreia do Sul, Israel e Índia) apresentaram um envelhecimento mais lento. Enquanto africanos, como Egito e África do Sul, tiveram envelhecimento mais rápido. O Brasil ficou no meio desses extremos.

      “O local de nascimento e de moradia influenciam de maneira desigual o cérebro de todos. Viver na Europa, na África ou na América Latina tem níveis diferentes de impacto no envelhecimento por causa da disparidade na disponibilidade de recursos e acesso à saúde”, diz Wyllians Borelli, pesquisador da UFRGS e um dos autores do estudo.

      “Antes de focar em riscos individuais, as autoridades de saúde devem priorizar a diminuição das desigualdades sociais e o desenvolvimento regional para promover um envelhecimento populacional mais saudável”, diz Lucas da Ros, da UFRGS, também participante do estudo.

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