Prefeitura de São Bernardo do Campo confirma morte de mulher que tomou drink com metanol
O Hospital de Clínicas do município abriu um protocolo de confirmação de morte cerebral
247 - A Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) confirmou nesta segunda-feira (6) a morte de Bruna Araújo, de 30 anos, que estava internada após consumir vodca com suco de pêssego em um show. De acordo com a gestão municipal, a intoxicação foi causada por adulteração de bebida alcoólica com metanol, produto usado na fabricação de produtos, como solventes, adesivos, pisos e revestimentos. Sua obtenção ocorre principalmente a partir do processamento do gás natural. É tóxico e pode causar mortes.
O Hospital de Clínicas do município abriu um protocolo de confirmação de morte cerebral. Familiares foram informados sobre o estado dela. O falecimento de Bruna não está nas estatísticas divulgadas pelo governo do estado de São Paulo, que contabiliza 15 casos confirmados, incluindo duas mortes. Agora são três óbitos no estado.
O governo de São Paulo afirmou que as mortes registradas, antes do falecimento de Bruna, foram de dois homens, de 54 e 46 anos, residentes da capital. Existem 164 casos em investigação, entre eles seis óbitos suspeitos — três na cidade de São Paulo (36, 45 e 50 anos), dois em São Bernardo do Campo (49 e 58 anos) e um em Cajuru (26 anos).
Dados nacionais
Em nível nacional, somente as três mortes em São Paulo foram confirmadas. Outras 12 seguem em investigação (um caso no Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco, seis em São Paulo, um na Paraíba e um no Ceará).
O Ministério da Saúde anunciou que recebeu 217 notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Desse total, 17 casos foram confirmados e 200 estão em investigação.
Em entrevista coletiva hoje, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o governo federal pretende ajudar o estado de São Paulo para que tenha mais celeridade na confirmação dos casos de contaminação por metanol, por ingestão de bebidas alcoólicas.
Segundo o ministro, dois laboratórios serão referência para os exames: um na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e outro da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O ministro anunciou parceria formal com a Unicamp, que tem a estrutura do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), com capacidade para realizar cerca de 190 exames por dia.
“Esses exames podem, por exemplo, ajudar a resolver a dúvida sobre casos confirmados no Estado de São Paulo, que é onde se concentra, [onde há] uma brutal concentração dos casos”, disse o ministro.
A Unicamp pode, segundo o ministro, receber amostras de outros estados que eventualmente queiram usar a estrutura como referência para resolver a situação de caso confirmado ou não.
Antídotos
No sábado (4), o ministério da Saúde anunciou a aquisição de mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol para o estoque estratégico do Sistema Único de Saúde (SUS) para os casos de intoxicação por metanol pelo consumo das bebidas alcoólicas adulteradas.
Em relação ao Fomepizol, o ministro disse que o produto deve chegar nesta semana. O antídoto vai ficar concentrado no centro de referência de cada Estado. “A gente está garantindo um grande estoque estratégico por precaução”.
Os dois antídotos (etanol e fomepizol), segundo o ministério da Saúde, podem ser utilizados na suspeita de intoxicação. O governo ainda acrescenta que a utilização dos medicamentos deve ser feita exclusivamente sob prescrição e monitoramento médico.
A aquisição de 2,5 mil tratamentos do fomepizol foi viabilizada em parceria com o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) junto a um fabricante do Japão, que mantém estoques nos Estados Unidos (com Abr).