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Policial Penal que baleou entregador do iFood no Rio após exigir entrega em seu andar é preso

Agente José Rodrigo da Silva Ferrarini foi afastado da função e responde a processo administrativo

A arma do agente foi recolhida para perícia, e a polícia representou pela conversão da prisão temporária em preventiva (Foto: Reprodução)

247 - O policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini foi preso na tarde deste domingo (31), acusado de atirar contra o entregador de aplicativo Valério Júnior, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A prisão temporária foi decretada pelo Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça e cumprida por agentes da 32ª DP (Taquara) em conjunto com a Corregedoria da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). As informações são do g1 Rio.

O episódio ocorreu na noite de sexta-feira (29), em Jacarepaguá, após uma discussão entre Ferrarini e o entregador, que se recusou a subir até o apartamento para entregar o pedido. A vítima foi socorrida e liberada, mas permanece com o projétil alojado no pé direito.

Conflito registrado em vídeo

O caso ganhou repercussão após imagens mostrarem o momento em que o agente atira contra Valério. No vídeo, o entregador tenta registrar a situação e chega a narrar o ocorrido. Ele é interrompido quando Ferrarini dispara e, em seguida, reage: “Que isso, cara!?”. O policial responde: “Que isso é o c*ralho. Bora, me dá minha parada!”.

Mesmo ferido e com o pé ensanguentado, Valério pede ajuda: “Eu moro aqui, cara! Eu sou morador, cara!”. Em desespero, chama um vizinho: “Ô, Tião! Me ajuda aqui, Tião! Ele me deu um tiro, Tião!”.

Versão da vítima

Em entrevista ao RJ2, o entregador relatou detalhes do momento em que foi baleado. “Quando ele veio, ele já veio alterado. Falei: ‘Cara, fica tranquilo, fica tranquilo, eu só preciso do código’. Ele falou: ‘Me dá o pedido!’ Eu falei: ‘Não. Me dá o código, que eu te dou o pedido’. Eu recebia R$ 7 para tomar um tiro no pé”, declarou.

Valério afirmou ainda que não sabe quando poderá retomar o trabalho: “Vai depender do médico falar se dá para tirar, se continua, se tem sequela ou não. Vou ficar sem trabalhar por isso”.

Repercussão e afastamento

No domingo, a Seap anunciou o afastamento de Ferrarini por 90 dias e a abertura de processo administrativo disciplinar. Em nota, a secretária Maria Rosa Nebel classificou a conduta como “abominante”:

 “A Polícia Penal não compactua em hipótese alguma com atitude como essa, atitude repugnante e que não representa a grande maioria dos policiais penais do Rio de Janeiro”, declarou.

A arma do agente foi recolhida para perícia, e a polícia representou pela conversão da prisão temporária em preventiva.

Protesto de entregadores

Colegas de profissão de Valério organizaram um protesto em frente ao condomínio onde ocorreu a agressão. Eles criticaram a liberação inicial do policial após prestar depoimento. “Uma injustiça, a gente só queria o direito de ir e vir e entregar o lanche do cliente em segurança”, afirmou o entregador Breno Pereira.

Posição do iFood

O iFood lamentou o ocorrido e reforçou que os entregadores não têm obrigação de subir até os apartamentos, devendo deixar os pedidos na portaria ou no portão. A empresa destacou que mantém uma política de combate à violência e anunciou apoio jurídico e psicológico à vítima.

 “O iFood não tolera qualquer tipo de violência contra entregadores parceiros e lamenta muito o acontecido com o entregador Valério de Souza Junior (...) Esperamos que o caso não fique impune e que Valério Junior se recupere rapidamente”, informou em nota.

Enquanto isso, a investigação segue sob responsabilidade da 32ª DP e da Corregedoria da Seap, que acompanham o caso em busca de responsabilização criminal e administrativa do policial penal.

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