Polícia vai investigar moradores que retiraram corpos de vítimas de chacina policial de área de mata no Rio
Após megaoperação que resultou no massacre de mais de 130 pessoas, polícia apura suspeita de fraude processual na retirada de corpos da mata por civis
247 - A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que vai investigar, por suspeita de fraude processual, as pessoas que retiraram corpos de vítimas de uma área de mata após a megaoperação contra o Comando Vermelho, realizada na última terça-feira (28). A confirmação, segundo a CNN Brasil, foi feita pelas forças de segurança do estado em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (29).
Mais cedo, a Defensoria Pública do Rio havia informado pela manhã que a ação das forças de segurança nos complexos da Penha e do Alemão resultou em ao menos 130 mortos. Entretanto, o balanço oficial apresentado pelo governo estadual indicou 119 mortos — sendo 58 durante a operação e outros 61 encontrados posteriormente em uma região de mata.
Civis retiraram corpos durante a madrugada
Moradores e ativistas relataram que, durante a madrugada e a manhã de hoje, mais de 60 corpos foram retirados por civis da área de mata próxima ao Complexo da Penha em uma tentativa de identificar as vítimas e entregá-las às famílias. A Praça da Penha, na Zona Norte da capital fluminense, amanheceu com corpos enfileirados sob lonas.
Segundo o governo, 61 corpos foram oficialmente recolhidos da área de mata. A Polícia Civil pretende apurar se houve interferência nas investigações e se a ação dos moradores configura fraude processual.
Operação Contenção
Batizada de Operação Contenção, a ação conjunta entre as polícias Civil e Militar mobilizou cerca de 2.500 agentes. O objetivo, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SESP), era conter a expansão territorial da facção criminosa Comando Vermelho e cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes e lideranças da organização.
As investigações, conduzidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) ao longo de mais de um ano, apontaram que parte dos criminosos veio de outros estados, especialmente do Pará, e estaria escondida nas comunidades da Penha e do Alemão.
Operação mais letal da história do Rio
Com 119 mortos confirmados, a Operação Contenção tornou-se a mais letal da história do estado. Além das mortes, dez menores foram apreendidos e outras 113 pessoas presas. Entre os detidos está Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão, apontado como operador financeiro do Comando Vermelho no Complexo da Penha e braço direito de Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, considerado uma das principais lideranças da facção.


