Polícia usa detector de cédulas para identificar bebidas com metanol
Equipamento contra fraudes ajuda na investigação da crise do metanol em São Paulo
247 - A recente crise provocada pela adulteração de bebidas com metanol em São Paulo levou a Polícia Científica a recorrer a um aliado improvável: um detector de cédulas falsas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o Comparador Espectral de Vídeo, equipamento originalmente desenvolvido para identificar falsificações de dinheiro, tem sido usado para inspecionar rótulos, tampas e lacres de garrafas suspeitas de conterem bebidas adulteradas, informa o jornal O Globo. Essa tecnologia tem se mostrado eficaz na detecção de alterações nas embalagens, ajudando a polícia a identificar com precisão as falsificações.
Com capacidade de ampliar e detalhar elementos gráficos das embalagens, o comparador permite que os peritos encontrem diferenças sutis, como alterações na espessura da tinta, no brilho do verniz e no relevo das impressões. Segundo Nícia Harumi Koga, diretora do Núcleo de Documentoscopia da Polícia Científica, “com as imagens ampliadas, conseguimos identificar alterações na qualidade e confirmar que as embalagens foram adulteradas”. A aplicação da tecnologia tem sido crucial para a identificação de produtos falsificados no contexto da crise do metanol, que já causou mortes e intoxicações em diversas regiões do Brasil.
Após a análise preliminar das embalagens, as amostras são enviadas ao Núcleo de Química, onde passam por exames laboratoriais rigorosos com o auxílio de cromatógrafos e espectrômetros de massa. Esses aparelhos são essenciais para identificar e quantificar substâncias nas bebidas, incluindo o metanol, um álcool altamente tóxico que, quando utilizado de forma ilegal na fabricação de bebidas, pode levar à morte.
De acordo com a SSP, a ingestão de apenas 10 mililitros de metanol pode causar danos irreversíveis ao nervo óptico, enquanto 30 mililitros podem ser fatais. Até o momento, o estado de São Paulo já registrou cinco mortes confirmadas em decorrência da intoxicação por metanol. Em todo o Brasil, o Ministério da Saúde contabilizou 259 notificações, com 24 casos confirmados. Desses, 20 ocorreram no estado paulista, três no Paraná e um no Rio Grande do Sul. Outras 235 notificações continuam em investigação.
Desde o início das apurações, a polícia já recolheu mais de 50 mil garrafas de bebidas adulteradas e prendeu 41 pessoas envolvidas na produção e comercialização desses produtos. Em operações recentes no interior paulista, mais de 7 mil unidades de bebidas suspeitas, além de rótulos, tampas e lacres, foram apreendidas. A crise do metanol segue como uma das maiores preocupações para as autoridades de saúde pública, que continuam em alerta para combater a distribuição de produtos ilegais e garantir a segurança da população.


