Polícia não se convence com versão de servidor preso por ataques a ônibus na Grande SP
Edson Campolongo alegou querer “consertar o Brasil”
247 - A Polícia Civil de São Paulo não se deu por satisfeita com o depoimento de Edson Campolongo, servidor público de 68 anos, apontado como o principal responsável por uma série de 17 ataques a ônibus na região metropolitana da capital paulista. Embora o suspeito tenha afirmado que sua motivação era “consertar o Brasil”, os investigadores acreditam que há razões mais profundas por trás dos atos de vandalismo.
Campolongo foi preso após uma investigação conduzida pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que o identificou por meio de imagens de câmeras de segurança e da movimentação de um carro oficial do governo, um Volkswagen Virtus branco. O veículo era usado por ele no deslocamento entre Taboão da Serra, onde reside, e diversos pontos onde os ataques aconteceram — incluindo São Bernardo do Campo, Santo André e São Paulo.
Segundo o delegado seccional de São Bernardo, Domingos Paulo Neto, o carro em questão era usado no transporte diário do chefe de gabinete da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), órgão onde Campolongo trabalha há mais de 30 anos como motorista. “Ele é motorista do chefe de gabinete [do CDHU]. Servia esse chefe há cerca de um ano. Por coincidência, este chefe de gabinete mora em São Bernardo e trabalha em um órgão público no centro de São Paulo”, afirmou o delegado.
Apesar de Campolongo alegar que escolhia os alvos “aleatoriamente” e que agia por conta própria, a Polícia Civil encontrou indícios que levantam dúvidas sobre sua versão. No depoimento, ele também disse ter recrutado o irmão, Sergio Aparecido Campolongo, de 56 anos, que teria participado de pelo menos dois ataques. Ambos tiveram prisão preventiva solicitada.
A polícia apreendeu com Edson bolas de aço, estilingues e materiais usados para fabricar coquetéis molotov. Câmeras flagraram o suspeito em ação, e uma jaqueta usada por ele nas imagens serviu como um dos principais elementos de identificação.
Campolongo também mantinha um perfil no Facebook com postagens críticas ao presidente Lula, ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Ainda assim, o delegado Júlio César de Almeida, que lidera a investigação, afirmou que “o suspeito não é filiado a partidos ou organizações políticas”.
Para os investigadores, a série de ataques cometidos por Campolongo demonstra planejamento e método, o que o diferencia dos demais presos na onda de vandalismo, considerados autores de atos isolados. Até o momento, a Polícia Militar efetuou 22 prisões — 14 adultos e 8 adolescentes — em meio aos atos violentos contra o transporte público.
O diretor do Deic, Ronaldo Sayeg, afirmou que a prisão de Campolongo pode ser crucial para elucidar o caso. “Acreditamos que essa prisão possa alavancar as investigações que estão em curso, pois já temos um desenho do que pode ter acontecido no âmbito desses ataques. Acreditamos que não existe só uma motivação. Existe o efeito manada, o contágio, o propósito inicial, assim como existe alguém pegando onda, uma sucessão de propósitos”, declarou.
A polícia agora investiga se há envolvimento de grupos organizados, disputas entre empresas de transporte ou outras influências externas por trás dos atos cometidos por Campolongo e seu irmão. A hipótese de que os ataques estariam ligados a desafios virtuais foi oficialmente descartada.
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