Estudante trans da Unesp foi morta pelo namorado e PM amante do homem, diz polícia
A jovem saiu de casa por volta das 23h do dia 11 de junho em sua bicicleta elétrica preta e não foi mais vista
247 - A estudante universitária trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, desaparecida desde o último dia 12 de junho, em Ilha Solteira (SP), foi morta pelo próprio namorado com o apoio do amante dele, segundo apontam as investigações da Polícia Civil. As informações são do g1.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Miguel Rocha, Carmen foi assassinada no Dia dos Namorados após pressionar Marcos Yuri Amorim a tornar público o relacionamento entre os dois e descobrir que ele estava envolvido em furtos. A jovem chegou a montar um dossiê com provas contra o companheiro, armazenado em uma pasta que havia sido deletada de seu computador — mas que foi recuperada pela equipe policial.“O crime foi motivado por uma combinação de fatores: o medo da exposição pública, a pressão emocional e os riscos que Carmen representava ao desvendar atividades criminosas do namorado”, explicou o delegado.
Marcos Yuri está preso temporariamente por 30 dias, assim como o policial militar da reserva Roberto Carlos de Oliveira, identificado como amante de Yuri e apontado como cúmplice no crime. Enquanto Marcos foi levado para a Cadeia Pública de Penápolis, Roberto Carlos está detido no presídio Romão Gomes, na capital paulista.Apesar das prisões, o corpo de Carmen ainda não foi localizado. Desde o desaparecimento, familiares e amigos mobilizam buscas e manifestações em busca de justiça. As últimas informações do sinal do celular da vítima indicaram uma região próxima ao rio da cidade. Bombeiros também atuam nas buscas subaquáticas e em áreas de mata onde foram encontradas marcas de pneu compatíveis com os da bicicleta elétrica que ela usava.A investigação, que começou como um desaparecimento, passou a ser tratada como feminicídio, considerando a motivação de gênero. Carmen era estudante de Zootecnia na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Em nota, a instituição afirmou que está colaborando com as autoridades e oferecendo apoio à família: “Manifestamos nossa profunda preocupação com o caso de Carmen e continuamos acompanhando os desdobramentos com atenção e solidariedade”.
Triângulo amoroso e interesses financeiros
Um dos aspectos mais reveladores da investigação foi a descoberta de um relacionamento paralelo entre Marcos Yuri e Roberto Carlos, o que configuraria, nas palavras do delegado, “um triângulo amoroso”. O vínculo afetivo e também financeiro entre os dois teria sido crucial na dinâmica do crime.“Havia uma ligação entre os dois. No início surgiu como uma testemunha, mas na verdade ele era comparsa do namorado, amante do namorado de Carmen. Ele sustentava, bancava gastos [do Yuri]. Havia ali um triângulo amoroso”, declarou Miguel Rocha à imprensa.A defesa de Roberto Carlos, por meio do advogado Miguel Micas, afirmou que o cliente “provará ser inocente da acusação”. As defesas dos dois investigados foram procuradas pela reportagem do g1, mas não retornaram até a última atualização da matéria.
Desaparecimento e dossiê deletado
De acordo com o relato da mãe de Carmen à polícia, a jovem saiu de casa por volta das 23h do dia 11 de junho em sua bicicleta elétrica preta e não foi mais vista. Câmeras de segurança mostraram que ela entrou na residência do namorado, localizada em um assentamento, mas não há imagens dela deixando o local.
A Polícia Civil solicitou a quebra do sigilo telefônico da vítima e dos suspeitos, o que confirmou que Carmen não chegou a sair de Ilha Solteira. Durante a análise do computador pessoal da jovem, foi encontrada a pasta deletada no próprio dia 12 de junho, contendo o dossiê que ela havia preparado com informações comprometedoras sobre Marcos Yuri.O caso continua sendo investigado e mobiliza a comunidade acadêmica, familiares e movimentos sociais. A luta agora é para encontrar o corpo de Carmen e garantir a responsabilização completa dos envolvidos.
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