HOME > Sudeste

Delegada casada com assassino confesso do gari relatou suspeita ao irmão, mas não acionou autoridades

Renê Nogueira Júnior foi denunciado por homicídio triplamente qualificado, ameaça e fraude processual

René e a delegada Ana Paulo (Foto: Reprodução)

247 - A delegada da Polícia Civil de Minas Gerais Ana Paula Balbino é alvo de investigação interna por suspeita de ter ocultado informações sobre a morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, assassinado em 11 de agosto em Belo Horizonte. Segundo apuração divulgada pelo Estado de Minas e pelo portal O Globo, a Corregedoria da corporação descobriu que, antes da prisão do marido — o empresário Renê Nogueira Júnior, que confessou o homicídio —, a policial realizou 29 consultas na base de dados da corporação sobre o caso.

De acordo com o relatório obtido pelo Estado de Minas, Ana Paula acessou a plataforma de Registro de Eventos de Defesa Social (REDS) entre 10h30 e 13h20, no dia do crime. Ela buscou informações com seu próprio nome, a placa do carro conduzido por Renê, o nome da vítima e o do próprio marido. O documento também aponta que a delegada fez 23 ligações para o empresário, começando apenas nove minutos após o assassinato e se estendendo até pouco antes da captura dele, ocorrida em uma academia de alto padrão em Belo Horizonte.

Renê Nogueira Júnior foi denunciado por homicídio triplamente qualificado, ameaça e fraude processual. Ele admitiu ter atirado contra o gari e declarou que usou a pistola de Ana Paula “sem que ela soubesse”. Já a delegada foi indiciada por prevaricação — por supostamente deixar de cumprir um dever de ofício — e posse ilegal de arma, já que o armamento utilizado no crime pertencia a ela.

As apurações revelam ainda que Ana Paula chegou a compartilhar suas suspeitas com familiares. No mesmo dia do assassinato, ela disse ao irmão que desconfiava da participação do marido. O parente confirmou o relato à 4ª Subcorregedoria da Polícia Civil, informando que havia enviado à delegada o link de uma reportagem local e ligado para “sondar” se o carro citado na notícia era o mesmo da família. Em resposta, a servidora afirmou que estava “atordoada” e tentava confirmar se Renê estava envolvido.

Apesar das suspeitas, a delegada não acionou imediatamente as autoridades. A defesa de Ana Paula afirmou que não irá se pronunciar, alegando que o procedimento corre sob sigilo. Segundo os advogados, documentos internos da Corregedoria que foram anexados por engano à ação do homicídio sem a devida proteção de sigilo também deverão ser objeto de apuração.

O caso segue em investigação na Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais, que avalia se Ana Paula infringiu seus deveres funcionais ao não comunicar as suspeitas sobre o crime.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...