HOME > Sudeste

Após protestos, UFF rompe acordo com universidade israelense

Conselho Universitário também aprovou moção de apoio à flotilha humanitária que tenta romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza

Protestos na UFF para rompimento com a Universidade Ben Gurion, de Israel (Foto: Jesiel Araujo/Sintuff)

247 - A Universidade Federal Fluminense (UFF) anunciou o rompimento do convênio acadêmico com a Universidade Ben Gurion (BGU), de Israel. A decisão foi confirmada em ofício da Reitoria enviado nesta terça-feira (30), que citou a deterioração da situação em Gaza e as sistemáticas violações de direitos humanos cometidas pelo governo israelense.

No documento, o reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega afirmou que a medida atende ao compromisso da instituição com os direitos humanos e à consonância com posicionamentos do governo brasileiro e de diversas entidades acadêmicas e sociais. Segundo ele, “doravante os acordos de cooperação desta natureza serão precedidos de avaliações sobre o respeito aos direitos humanos por parte da instituição parceira”.

Pressão estudantil e sindical

O rompimento ocorre após intensa mobilização estudantil e sindical. Na segunda-feira (29), estudantes da UFF, organizados pelo DCE Fernando Santa Cruz, realizaram um ato no campus do Gragoatá, em Niterói, e montaram um acampamento com a pauta central de exigir o fim do convênio com a BGU.

As entidades ADUFF-SSind e SINTUFF apoiaram o protesto e reforçaram denúncias sobre os vínculos da universidade israelense com o setor militar. A BGU mantém parcerias com o Ministério da Defesa de Israel e empresas como Elbit Systems, Rafael Advanced Defense Systems e Israel Aerospace Industries, fabricantes de armas usadas nos ataques contra Gaza.

O DCE ainda protocolou uma carta à Reitoria listando denúncias internacionais, incluindo a construção de um campus tecnológico militar destinado a reforçar a capacidade operacional do exército israelense. O documento também destacou que a própria fundação da BGU, em 1972, fez parte da estratégia de militarização do deserto do Naqab, marginalizando comunidades beduínas palestinas.

Repercussão no Conselho Universitário

Na reunião do Conselho Universitário (CUV) desta quarta-feira (1), conselheiros aprovaram por unanimidade uma moção de apoio à Global Sumud Flotilla, que tenta romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza levando alimentos e medicamentos. Quinze brasileiros integram a missão, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), atualmente detida por Israel após a interceptação de seu barco.

O DCE comemorou a decisão da UFF como vitória da mobilização coletiva. “O Estado genocida de Israel não pode ter espaço na universidade. Esse é um passo fundamental da nossa luta em solidariedade ao povo palestino”, afirmou Rodrigo Camilo, estudante da UFF de Volta Redonda e diretor do DCE.

Para o SINTUFF, a medida é fruto da luta coletiva e deve se estender a outras áreas: “Reafirmamos a necessidade do rompimento completo de todas as relações políticas, diplomáticas e econômicas do Brasil com Israel”, destacou a entidade.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...