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Acidente que matou Eduardo Campos completa 11 anos

Moradores e comerciantes de Santos afetados pela queda da aeronave ainda aguardam decisão final na Justiça sobre reparação

Eduardo Campos e acidente que o levou a morte (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil | REUTERS/Paulo Whitaker)

247 - Onze anos após o acidente aéreo que matou o então candidato à Presidência Eduardo Campos, moradores e comerciantes afetados pela queda da aeronave em Santos (SP) seguem à espera de uma decisão definitiva sobre as indenizações, informa o g1.

A aeronave Cessna 560XL Citation Excel, prefixo PR-AFA, decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, rumo à Base Aérea de Santos, mas caiu em um terreno baldio no bairro Boqueirão, atingindo imóveis residenciais e comerciais. Entre as vítimas indiretas está Edna da Silva, que vivia com a família em um apartamento alugado, destruído por uma das turbinas. O filho sofreu queimaduras ao socorrer uma criança.

Processo parado no STJ e retirada de partido da ação

O advogado de Edna, Joaquim Barboza, explica que a ação por danos morais, materiais e estéticos foi movida em 2015 contra a empresa AF Andrade Empreendimentos, dona do avião, e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que havia contratado a aeronave para a campanha presidencial. O caso, porém, está parado em terceira instância, no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo Barboza, o PSB foi excluído do processo sob o argumento de que era apenas usuário do serviço, decisão que a defesa tentou reverter. 

Ele estima que a indenização de sua cliente possa chegar a R$ 2 milhões, incluindo danos morais pelo comprometimento do CPF e dívidas acumuladas. O advogado afirma que há decisão executada há mais de três anos, mas a penhora de bens ainda não ocorreu.

Comércio também sofreu prejuízos milionários

O comerciante Benedito Juarez Câmara, 79 anos, dono de uma academia atingida pelo avião, relatou ter gasto cerca de R$ 1,9 milhão para reconstruir o negócio. Ele também acionou judicialmente a proprietária da aeronave e o PSB. O valor inicial de danos morais foi de R$ 20 mil, mas não há confirmação de reajustes. Um segundo processo, por lucros cessantes, ainda tramita sem novidades.

Investigação sem causa definida

Na época, hipóteses como colisão com objeto externo, desorientação espacial e falha de equipamentos chegaram a ser levantadas. O filho de Eduardo Campos, João Campos, declarou: “Dessas hipóteses, não há nenhuma prevalecente, ou seja, pode ter sido somente uma ou uma combinação de várias”.

Em 2019, o Ministério Público Federal arquivou o inquérito sem apontar a causa do acidente, citando falta ou inoperância de equipamentos na cabine. Em 2023, o advogado e irmão do político, Antônio Campos, pediu a reabertura, mas a Procuradoria-Geral da República manteve o arquivamento.

Quem foi Eduardo Campos

Nascido em 10 de agosto de 1965, em Recife (PE), Eduardo Campos era neto do ex-governador Miguel Arraes e iniciou a carreira política como chefe de gabinete do avô. Filiado ao PSB, foi deputado estadual, secretário de governo, ministro de Ciência e Tecnologia no governo Lula (PT) e governador de Pernambuco por dois mandatos. Morreu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, no acidente em Santos, durante a campanha presidencial.

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