Suspensão de Gilvan da Federal por violência de gênero contra Gleisi é marco contra o ódio, diz bancada do PT
Deputado bolsonarista é afastado por três meses após ofensas misóginas contra a ministra Gleisi Hoffmann
247 - A aprovação da suspensão do mandato do deputado Gilvan da Federal (PL-ES) pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados foi recebida como um momento histórico por integrantes da bancada do PT. A decisão, tomada nesta terça-feira (6), puniu o parlamentar bolsonarista por três meses, após ele proferir insultos de cunho misógino contra a deputada licenciada e atual ministra da Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula (PT), Gleisi Hoffmann (PT). A medida recebeu 15 votos favoráveis e apenas quatro contrários.
A punição resulta de uma representação da Mesa Diretora da Câmara, que classificou as manifestações de Gilvan como “gravemente ofensivas e difamatórias” e apontou um “evidente abuso das prerrogativas parlamentares”. As declarações do deputado ocorreram em 29 de abril, durante sessão da Comissão de Segurança Pública, data em que também protagonizou um embate com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada petista.
“Marco institucional em defesa das mulheres” - A deputada Maria do Rosário (PT-RS) definiu a decisão como um divisor de águas: “É um marco institucional em defesa da democracia e da integridade das mulheres. Estamos aqui pela honra, pela moral e pela ética, valores que não podem faltar nesta Casa. A única forma de honrar uma vítima e impedir que o sofrimento continue é a condenação do agressor. Se queremos pôr fim à violência contra a mulher, sejamos nós o exemplo”.
A deputada Jack Rocha (PT-ES), por sua vez, destacou o histórico do parlamentar, lembrando que Gilvan da Federal já foi condenado por violência política de gênero, sendo o primeiro a sofrer tal sanção no país. “O que está em jogo aqui não é uma fala isolada. É a ética coletiva da Câmara. Imunidade parlamentar não pode ser escudo para práticas criminosas. Todos somos cidadãos iguais perante a lei”, afirmou.
Clima de intolerância no Parlamento é criticado - O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) também se posicionou sobre o episódio, classificando o comportamento do bolsonarista como “insustentável”: “a Mesa não agiu por impulso. Foi um caso insustentável de sexismo e misoginia. Gleisi e Lindbergh são uma família. Isso é sagrado. E não pode ser atacado com discursos de ódio. Temos a obrigação de deixar um Parlamento mais digno para as próximas gerações”.
Na mesma linha, a deputada Natália Bonavides (PT-RN) chamou atenção para a gravidade do contexto: “talvez alguns colegas não saibam o que enfrentamos diariamente. Violência política contra mulheres sempre carrega conotações sexuais, de humilhação. Este Conselho tem a chance de dizer o que não será mais tolerado”.
Ela também fez um alerta sobre a baixa representatividade feminina: “acabei de sair de uma comissão onde eu era a única deputada presente. Não sei se todos os colegas percebem como, nas reuniões de líderes, nas comissões, nos plenários, a presença das mulheres ainda é algo que precisamos arrancar à força. Não é natural, não é fluido, é uma conquista diária e exaustiva”.
Chamado por mais respeito e menos impunidade - Em defesa de Gleisi Hoffmann e contra o uso do Parlamento como espaço de agressões, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou: “o Parlamento é lugar de divergência, sim, mas também de respeito. Chega de blindagem moral seletiva. Chega de impunidade disfarçada de bandeira do Brasil”.
A deputada Ana Paula Lima (PT-SC) reforçou que a divergência política precisa se dar no campo das ideias: “podemos divergir politicamente, mas devemos respeitar o voto de cada cidadão que nos trouxe até aqui. Se há discordância política, que se debata com ideias, não com insultos esdrúxulos”.
Já a deputada Juliana Cardoso (PT-SP) apontou a importância de uma convivência democrática baseada no respeito e lembrou da trajetória da ministra: “Gleisi é uma líder que construiu sua trajetória com firmeza, propostas e argumentos. Sua conduta é respeitada para além do Partido dos Trabalhadores, por seu compromisso com a democracia e justiça social”.
Ela ainda fez um alerta: “se o Parlamento não garantir um ambiente respeitável para as mulheres que aqui atuam, não avançaremos em nenhuma pauta estrutural”.
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