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      Professoras da UnB denunciam colega por perseguição, ameaças e constrangimentos

      Professor reforçou que "jamais teve a intenção de causar constrangimento, ameaça ou perseguição a qualquer colega de trabalho"

      Universidade de Brasília (UnB) (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
      Laís Gouveia avatar
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      247 - A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indiciou o professor José Luís Oreiro, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), por perseguir, ameaçar e constranger duas colegas de trabalho. A investigação conduzida pela 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) concluiu que o docente praticou stalking contra as professoras Adriana Moreira Amado e Daniela Freddo, especialmente após discordâncias sobre mudanças no curso de doutorado em economia. As informações são do Metrópoles.

      De acordo com o inquérito, os episódios de perseguição começaram entre 2020 e 2021 e teriam se intensificado quando o decanato de pós-graduação propôs uma reformulação curricular, reduzindo o número de disciplinas obrigatórias. Parte das disciplinas ministradas por Oreiro passaria a ser optativa, o que teria motivado reações hostis do professor contra docentes envolvidos no processo. Entre os episódios relatados pelas vítimas estão mensagens agressivas, postagens difamatórias nas redes sociais e vigilância velada dentro do ambiente universitário. Em uma das situações, o professor teria usado o celular para gravar, pelas costas, a professora Daniela enquanto ela caminhava pelos corredores da UnB.

       A polícia também teve acesso a imagens do momento da gravação.As denúncias incluem ainda o envio de áudios com conteúdo considerado ameaçador. Em 26 de maio de 2021, uma das professoras recebeu uma mensagem em tom intimidador:

       “Vocês vão perder todas as batalhas, a vida de vocês vai ser um inferno dentro do departamento, e eu tô te chamando à razão, porque eu te respeito, eu te defendi e eu acho que você está tomando um caminho equivocado. Agora, é sua liberdade, se você quer destruir sua carreira por uma dívida que você acha que teria com a Adriana, tudo bem! Eu respeito a sua decisão, você está errada e vai pagar com as consequências.”

      As vítimas relataram ainda que passaram a se sentir ameaçadas diante de comportamentos contínuos de intimidação, o que comprometeu o ambiente de trabalho e sua segurança pessoal. 

      O caso agora será analisado pelo Ministério Público, que poderá oferecer denúncia com base nas conclusões do inquérito. A Universidade de Brasília acompanha o andamento das investigações e poderá instaurar procedimentos administrativos internos, conforme recomendação da Comissão de Ética.

      Posição de Oreiro e direito de resposta

      Em depoimento, José Luís Oreiro negou todas as acusações. Ele afirmou que tem evitado a presença física na UnB para minimizar conflitos e que as gravações feitas no campus, inclusive a que mostra Daniela Freddo, foram realizadas “como medida preventiva”, com o intuito de preservar sua integridade e produzir provas de sua conduta para a Comissão de Ética da universidade.

      O professor também negou a existência de publicações ofensivas que identificassem diretamente as docentes. Segundo sua defesa, as manifestações públicas não incluíam nomes ou elementos que permitissem reconhecimento direto das professoras. Ele declarou ainda que “não possui qualquer intenção ou histórico de comportamento violento” contra as colegas.

      Conforme materiais encaminhados à reportagem do Brasil 247, Oreiro está surpreendido com a reportagem do Metrópoles. "Não possuo nenhum cargo administrativo ou de poder dentro do departamento da UnB, ao contrário do que acontece com as duas professoras. Ela têm o poder para me perseguir, e não eu", disse, nos áudios enviados. 

      Em nota, Oreiro reforçou que "jamais teve a intenção de causar constrangimento, ameaça ou perseguição a qualquer colega de trabalho". Leia abaixo a íntegra: 

      Confira a íntegra da nota: 

      A defesa do Professor José Luís Oreiro, docente do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), vem, por meio desta, esclarecer os fatos recentemente divulgados pela imprensa, notadamente pelo portal Metrópoles, os quais apresentam alegações que carecem de equilíbrio, contexto e isenção.

      O professor José Luís Oreiro nega veementemente todas as acusações que lhe foram imputadas. É importante destacar que ele jamais teve a intenção de causar constrangimento, ameaça ou perseguição a qualquer colega de trabalho. Os episódios narrados são interpretações unilaterais, desprovidas de provas cabais, e estão sendo devidamente esclarecidos perante as autoridades competentes, com absoluto respeito aos trâmites legais.

      Desde o início dos desentendimentos acadêmicos, notadamente no contexto das discussões curriculares no programa de pós-graduação em economia, o professor Oreiro manteve sua atuação no campo técnico-pedagógico, como é próprio e natural em ambientes universitários de alto nível. Divergências de opinião e críticas à condução de reformas curriculares fazem parte do cotidiano universitário e não podem ser confundidas com atos ilícitos ou persecutórios.

      Quanto à gravação mencionada na reportagem, o professor esclarece que o vídeo foi realizado de maneira discreta e silenciosa com o único intuito de se resguardar, uma vez que já se encontrava sob acusações que considera infundadas e temia vir a ser vítima de falsas alegações. A gravação não foi acompanhada de nenhum contato físico ou verbal, tampouco divulgada em qualquer meio. Trata-se de um ato de autoproteção legítima, inclusive com o intuito de apresentar material probatório à Comissão de Ética da UnB, e não de intimidação.

      As mensagens mencionadas, quando lidas em seu contexto integral, demonstram a ausência de qualquer ameaça real ou concreta, mas sim desabafos em meio a tensões institucionais acentuadas, o que não configura, em hipótese alguma, conduta criminosa.

      O professor José Luís Oreiro reitera sua confiança na Justiça e já está adotando todas as providências legais para provar a sua inocência. Ressaltamos que o indiciamento não representa condenação e sequer implica em culpa formada. Trata-se apenas de uma fase investigativa, cujos desdobramentos ainda estão em curso e serão enfrentados com serenidade, verdade e respeito aos direitos constitucionais do investigado.

      A defesa lamenta profundamente a tentativa de linchamento público promovida por setores da mídia, que, sem qualquer decisão judicial condenatória, tentam macular uma trajetória acadêmica construída com seriedade ao longo de mais de 20 anos.

      Por fim, reforçamos que o professor José Luís Oreiro não possui qualquer histórico de comportamento violento, e sempre primou por relações éticas e respeitosas no exercício da docência e da pesquisa universitária.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

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