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Lula prepara reforma ministerial para abrir espaço a pré-candidatos de 2026

Presidente estuda antecipar saída de ministros e usar mudanças para ampliar alianças políticas nos estados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília - 09/07/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia promover uma reforma ministerial ainda em 2025 para reorganizar seu governo e pavimentar o caminho das eleições de 2026. A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo e aponta que Lula pretende antecipar a substituição de ministros que disputarão cargos eletivos, sem esperar o prazo oficial de desincompatibilização, em abril do próximo ano.

A estratégia, segundo aliados do Planalto, busca fortalecer alianças regionais, ampliar o espaço de partidos do centro e dar mais fôlego político ao governo no Congresso. A reforma pode ser feita em etapas, começando já em outubro, impulsionada pela possível entrada de Guilherme Boulos (PSOL) na Secretaria-Geral da Presidência e pela pressão da federação formada por União Brasil e PP, que determinou a saída de seus ministros até o fim de outubro.

Ministros resistem à saída antecipada

A ideia de Lula, porém, enfrenta resistência entre ministros que pretendem concorrer em 2026. Muitos desejam permanecer até a data-limite de abril, usando a visibilidade do cargo como vitrine eleitoral. Celso Sabino (Turismo), por exemplo, conseguiu adiar sua saída, mesmo após o União Brasil anunciar o desembarque. Ele apresentou carta de demissão e pretende disputar o Senado pelo Pará, mas ainda acompanha Lula em agendas oficiais.

No PP, a pressão recai sobre André Fufuca (Esportes), que deve deixar o ministério até sábado (4), após a legenda ter recuado do prazo original, que expiraria no dia 1º. Lula, por sua vez, tem dito que a sucessão do União Brasil será negociada diretamente com o senador Davi Alcolumbre (AP). Caso o PP confirme a saída, a vaga poderá ser oferecida a partidos como PSD, PDT ou PSB.

Mudanças também no PT

A reforma não se limitará ao centrão. Ministros petistas que planejam disputar as eleições também devem sair, entre eles Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Luiz Marinho (Trabalho). Fontes do Planalto afirmam que Lula analisa dois cenários: deixar secretários-executivos interinamente no comando das pastas ou nomear novos ministros já neste ano. A segunda hipótese tem ganhado força, pois sinalizaria uma recomposição mais ampla do governo em seu último ano de mandato.

A expectativa é que pelo menos 20 ministros deixem seus cargos para concorrer em 2026. Entre os nomes considerados estratégicos, como Rui Costa (Casa Civil) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), a permanência deve ser mantida até abril.

Apoio às candidaturas e articulações regionais

Lula também pretende apoiar a maioria de seus ministros que irão para a disputa. Além de Celso Sabino, Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), pré-candidato ao Senado, deve contar com o respaldo direto do presidente. Já Fernando Haddad (Fazenda) pode deixar a pasta não para concorrer, mas para coordenar a campanha presidencial, caso Lula julgue necessário.

No plano regional, a intenção é usar a reforma para reforçar alianças nos estados e frear o avanço de blocos do centro em coligações rivais. Um dirigente da Câmara reconheceu que o governo vive um momento mais favorável no noticiário, mas ponderou que o ambiente no Congresso segue adverso em votações estratégicas.

Ainda assim, a percepção entre líderes políticos é de que Lula conseguiu se recuperar após meses de desgaste e chega ao fim de 2025 em posição de protagonismo. Para 2026, ele surge como favorito, embora aliados ressaltem que novas reviravoltas no cenário político não podem ser descartadas.

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