SLB firma contrato bilionário com a Petrobras para tecnologia inédita
Empresa francesa investe mais de R$ 1,5 bilhão em projeto pioneiro de completação elétrica de poços no pré-sal brasileiro
247 - A multinacional francesa SLB (antiga Schlumberger) firmou com a Petrobras um contrato superior a R$ 1,5 bilhão para implantar no Brasil uma tecnologia inédita de completação elétrica de poços, considerada um marco para a exploração offshore. O projeto será implementado a partir do próximo ano e marca mais um capítulo da parceria histórica entre as duas companhias.
As informações foram divulgadas em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que entrevistou o presidente da SLB no Brasil, Thomas Filiponi. A empresa, que completa 80 anos de operação no país, consolida-se como uma das principais fornecedoras da estatal e amplia sua presença em áreas estratégicas, como a Margem Equatorial e o pré-sal.
Tecnologia inédita no pré-sal
Segundo Filiponi, a nova tecnologia de completação elétrica substituirá os métodos hidráulicos usados atualmente, oferecendo maior eficiência, precisão e controle em tempo real sobre os poços. “O controle do fluxo em tempo real é um divisor de águas. Decisões que antes levavam dias poderão ser tomadas em minutos”, afirmou.
O contrato de R$ 400 milhões para o campo de Búzios, na Bacia de Santos, tem duração de cinco anos e faz parte da chamada “onda 3 de Búzios”, que contempla as plataformas Búzios 9, 10 e 11. Os poços já estão sendo preparados para receber os futuros FPSOs (navios-plataforma) da Petrobras.
Presença estratégica na Margem Equatorial
A SLB também tem papel central na perfuração do poço Morpho, localizado na Margem Equatorial, uma das regiões mais promissoras da indústria petrolífera brasileira. “O Brasil é uma região muito estratégica para a empresa, pela quantidade e complexidade dos trabalhos”, declarou Filiponi.
O executivo explicou que a companhia é responsável por trazer ao país as tecnologias mais avançadas de perfuração. “Iniciamos a perfuração às duas da manhã. Fazemos a avaliação em tempo real, com equipamentos capazes de direcionar o poço verticalmente ou horizontalmente conforme necessário”, relatou.
A expectativa é de que outros três poços sejam perfurados na Margem Equatorial, cuja licença ambiental foi recentemente aprovada. Filiponi avaliou que a decisão representa “uma oportunidade única” para a indústria de petróleo e gás no país.
Projetos sísmicos e recuperação de campos maduros
Além dos novos contratos, a SLB venceu licitação para aplicar tecnologias sísmicas 3D e 4D nas bacias de Campos e Santos, o que permitirá uma análise mais detalhada do subsolo e poderá reativar áreas de produção em declínio.
Um dos focos será o campo de Tupi, que já foi o maior produtor do pré-sal. O projeto cobre 950 km² a cinco mil metros de profundidade e busca elevar novamente a produção, que caiu de 832 mil barris diários há um ano para 780 mil barris de óleo equivalente por dia.
Olhar para o futuro energético
Responsável pelas operações da empresa no Brasil e no Uruguai, Filiponi destacou o potencial da Bacia de Pelotas, no Sul do país, comparando-a à costa da Namíbia, que vem registrando descobertas significativas. Ele também ressaltou a importância das novas frentes de negócios em energia limpa e créditos de carbono.
“Captura e estocagem de carbono, hidrogênio, estocagem de energia, soluções geotérmicas e minerais críticos são nossas cinco grandes frentes de atuação”, explicou. A empresa já conduz estudos de armazenamento subterrâneo de carbono em Mato Grosso, nos municípios de Sorriso e Querência, com dois poços de injeção e dois de monitoramento.
A SLB, que iniciou suas atividades no Brasil antes mesmo da criação da Petrobras, reforça assim seu compromisso com a transição energética e com a modernização tecnológica da indústria petrolífera nacional.


