Sabesp compra controle da EMAE por R$ 1,13 bilhão
Aquisição reforça o plano de segurança hídrica de São Paulo e amplia a presença da Sabesp no setor de energia
247 – A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) anunciou neste domingo a aquisição do controle da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) por R$ 1,13 bilhão, equivalente a cerca de US$ 208 milhões. A operação, noticiada originalmente pelo Brazil Stock Guide, marca um passo estratégico na consolidação do plano de segurança hídrica do estado e na expansão da companhia no setor energético.
O negócio foi estruturado em duas etapas. Na primeira, a Sabesp assumiu 74,9% das ações ordinárias da EMAE que pertenciam à Phoenix Água e Energia S.A., empresa ligada ao empresário Nelson Tanure, por meio do fundo Phoenix FIP, administrado pela Trustee. Essas ações estavam dadas em garantia de uma emissão de debêntures de R$ 520 milhões, cujo pagamento de juros vencido em 27 de setembro não foi realizado. Após o default, o agente fiduciário Vórtx e a administradora XP executaram as garantias, transferindo o controle acionário da EMAE.
Na segunda fase, a Sabesp firmou acordo com a Eletrobras (B3: ELET3; NYSE: EBR) para a compra de 66,8% das ações preferenciais da EMAE, ao preço de R$ 32,07 por ação, totalizando R$ 476,5 milhões. Já as ações ordinárias detidas pela Phoenix foram adquiridas por R$ 59,33 cada.
Com a conclusão da operação, ainda sujeita à aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), a Sabesp passará a deter 70,1% do capital total da EMAE, consolidando o controle de um dos ativos mais estratégicos de São Paulo.
Expansão e sinergias operacionais
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Sabesp, Daniel Szlak, a aquisição representa um avanço na integração entre os setores de saneamento e energia.
“Ao combinar segurança hídrica com potencial energético, essa aquisição amplia as sinergias operacionais e fortalece a capacidade da companhia de enfrentar os desafios climáticos e o aumento da demanda por serviços essenciais”, afirmou Szlak em comunicado.
O movimento também é visto como peça-chave na estratégia pós-privatização da empresa. O controle direto dos reservatórios Billings e Guarapiranga permitirá à Sabesp maior flexibilidade operacional e redução dos custos de abastecimento a longo prazo, especialmente em um cenário de níveis críticos nos mananciais — os mais baixos desde a crise hídrica de 2015.
Além da gestão da água, a integração com a EMAE amplia a atuação da Sabesp no setor de energia, garantindo fluxo de caixa estável e diversificação de receitas por meio de contratos de longo prazo indexados à inflação. A operação posiciona a estatal paulista como uma operadora híbrida de infraestrutura de água e energia renovável, em linha com as metas de sustentabilidade e resiliência climática do estado.