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Nvidia licencia tecnologia de chips de IA voltados à inferência

Acordo envolve startup especializada na etapa em que modelos de inteligência artificial já treinados respondem às solicitações dos usuários

Chips da Nvidia (Foto: Reuters)

Reuters - A Nvidia concordou em licenciar tecnologia de chips da startup Groq e contratar seu CEO, um veterano do Google, informou a própria Groq em uma publicação em seu blog nesta quarta-feira (24). O acordo segue um padrão que se tornou comum nos últimos anos, no qual as maiores empresas de tecnologia do mundo pagam grandes quantias para acessar tecnologia e talentos de startups promissoras, sem chegar a adquirir formalmente essas companhias.

A Groq é especializada no que se conhece como inferência, etapa em que modelos de inteligência artificial já treinados respondem a solicitações dos usuários. Embora a Nvidia domine o mercado de treinamento de modelos de IA, a empresa enfrenta concorrência muito maior na área de inferência, onde rivais tradicionais como a Advanced Micro Devices (AMD) buscam desafiá-la, além de startups como a própria Groq e a Cerebras Systems.

Segundo a Groq, a Nvidia concordou com um licenciamento “não exclusivo” de sua tecnologia. A empresa informou que seu fundador, Jonathan Ross — que ajudou o Google a iniciar seu programa de chips de IA —, além do presidente Sunny Madra e outros membros da equipe de engenharia, irão se juntar à Nvidia. Uma pessoa próxima à Nvidia confirmou o acordo de licenciamento.

A Groq não divulgou detalhes financeiros da operação. A CNBC informou que a Nvidia teria concordado em adquirir a Groq por US$ 20 bilhões em dinheiro, mas nem a Nvidia nem a Groq comentaram o relatório. Em sua publicação no blog, a Groq afirmou que continuará operando como uma empresa independente, com Simon Edwards como CEO, e que seu negócio de computação em nuvem seguirá funcionando.

Em acordos semelhantes recentes, o principal executivo de inteligência artificial da Microsoft veio de uma negociação de US$ 650 milhões com uma startup, apresentada como uma taxa de licenciamento. A Meta gastou US$ 15 bilhões para contratar o CEO da Scale AI sem adquirir toda a empresa. A Amazon contratou fundadores da Adept AI, e a Nvidia realizou um acordo semelhante neste ano. Essas operações têm sido alvo de escrutínio por parte de reguladores, embora nenhuma tenha sido revertida até agora.

“O antitruste parece ser o principal risco aqui, embora estruturar o acordo como uma licença não exclusiva possa manter viva a ficção da concorrência (mesmo com a liderança da Groq e, presumivelmente, seu talento técnico migrando para a Nvidia)”, escreveu a analista da Bernstein, Stacy Rasgon, em nota a clientes divulgada nesta quarta-feira (24), após o anúncio da Groq. Ela acrescentou que o relacionamento do CEO da Nvidia, Jensen Huang, com o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “parece estar entre os mais fortes entre as principais empresas de tecnologia dos EUA”.

A Groq mais do que dobrou sua avaliação de mercado, que passou de US$ 2,8 bilhões em agosto do ano passado para US$ 6,9 bilhões, após uma rodada de financiamento de US$ 750 milhões concluída em setembro. A empresa é uma das várias startups que não utilizam chips de memória externa de alta largura de banda, o que as livra da escassez de memória que afeta a indústria global de semicondutores.

Essa abordagem, que utiliza um tipo de memória integrada ao chip chamado SRAM, ajuda a acelerar as interações com chatbots e outros modelos de IA, mas também limita o tamanho dos modelos que podem ser atendidos. A principal rival da Groq nessa tecnologia é a Cerebras Systems, que, segundo a Reuters informou neste mês, planeja abrir capital possivelmente já no próximo ano. Groq e Cerebras firmaram grandes contratos no Oriente Médio.

Jensen Huang, da Nvidia, dedicou grande parte de seu principal discurso de abertura de 2025 a argumentar que a empresa conseguirá manter sua liderança à medida que os mercados de inteligência artificial migrem do treinamento para a inferência.

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