Neoenergia conclui ciclo de transmissão e prepara nova fase com GIC
Empresa encerra investimentos de sete anos e mira novas concessões e expansão em renováveis, mantendo parceria estratégica com fundo soberano de Singapura
247 - A Neoenergia S.A. (B3: NEOE3) está próxima de concluir um ciclo de sete anos de investimentos em transmissão de energia, com todos os projetos remanescentes programados para entrar em operação até dezembro de 2025. O anúncio foi feito pelo CEO da companhia, Eduardo Capelastegui, durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre.
De acordo com informações publicadas pelo Brazil Stock Guide, Capelastegui destacou que o próximo ano marcará uma nova fase de geração de receita para o grupo. “Começaremos 2026 com cerca de R$ 2 bilhões em novas receitas de transmissão, provenientes de um portfólio totalmente operacional”, afirmou o executivo.
O CEO ressaltou ainda a solidez da parceria com o fundo soberano de Singapura, GIC, que segue em negociações avançadas para a venda de até 50% de participação em sete lotes de transmissão — entre eles, Guanabara, Vale do Itajaí, Morro do Chapéu e Alto Parnaíba. “A GIC está finalizando a avaliação dos ativos e deve apresentar uma proposta em breve. Não há exclusividade, mas há interesse mútuo em seguir adiante”, disse Capelastegui.
Impactos da MP 1.304 e disciplina financeira
Ao comentar os efeitos da Medida Provisória 1.304 — que trata das tarifas sociais e de eventuais perdas por restrição na geração renovável — Capelastegui informou que o impacto para a Neoenergia foi “muito limitado”. Segundo ele, o efeito financeiro somou R$ 40 milhões no trimestre e R$ 70 milhões no acumulado do ano, valores inferiores aos registrados por concorrentes. “Estamos trabalhando junto à Aneel para garantir uma solução estrutural que trate tanto dos efeitos retroativos quanto dos prospectivos”, destacou.
O diretor financeiro, Leonardo Gadelha, afirmou que a alavancagem da companhia se mantém estável em 3,52 vezes a relação dívida líquida/Ebitda — ou 3,47 vezes, excluindo os efeitos temporários da MP 1.304. Ele destacou ainda que o prazo médio da dívida é de 5,7 anos e o custo de capital segue competitivo. “Nosso rating AAA continua proporcionando condições muito favoráveis de captação”, ressaltou o CFO.
Novas concessões e estabilidade regulatória
Com os investimentos em transmissão próximos do fim, a Neoenergia deve concentrar esforços em eficiência na distribuição e expansão das fontes renováveis. A companhia também prevê concluir em breve as renovações antecipadas das concessões da Coelba, Cosern e Elektro, após a prorrogação da Celpe (Pernambuco) até 2060 — a primeira sob o novo modelo regulatório do país. “O arcabouço está funcionando; a regulação segue sendo uma importante fonte de estabilidade”, avaliou Capelastegui.
Perspectiva do mercado
A XP Investimentos reportou Ebitda ajustado de R$ 2,68 bilhões, 11,7% acima da sua projeção, e manteve recomendação de compra com preço-alvo de R$ 42,60 por ação. A corretora destacou que o principal gatilho para valorização é uma possível oferta pública de aquisição (OPA) da Iberdrola, após a compra da fatia de 30,29% detida pela Previ.
O BTG Pactual classificou o trimestre como “sólido e em linha”, mantendo recomendação de compra e preço-alvo de R$ 40, ressaltando o bom desempenho da Elektro, Cosern e CEB, que compensaram atrasos nos projetos Morro do Chapéu e Vale do Itajaí.
Já o Citi também manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 34, apontando um potencial de valorização de 19,7%. O banco destacou que uma eventual privatização ou fechamento de capital pela Iberdrola representa “um significativo potencial de alta” para os investidores.


