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Light aposta em renovação da concessão para investir R$ 12 bi no Rio

Empresa em recuperação judicial condiciona novos aportes a acordo com Aneel e prevê saída da crise até 2026

Funcionário da Light, empresa de energia (Foto: Divulgação)

247 - A Light, em recuperação judicial desde maio de 2023, prepara um plano de investimentos de R$ 12 bilhões no estado do Rio de Janeiro, mas condiciona o anúncio oficial à renovação de sua concessão junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A informação foi divulgada pelo InvestNews, que entrevistou o banqueiro e ex-deputado Ronaldo Cezar Coelho, principal acionista da companhia.

Segundo a reportagem, prefeitos de 31 municípios fluminenses já manifestaram apoio à empresa, assinando um abaixo-assinado para pressionar a Aneel a agilizar a análise. A renovação da concessão é vista como determinante para o futuro da distribuidora, que acumula dívidas superiores a R$ 11 bilhões e tenta superar um dos momentos mais delicados de sua história.

Estrutura acionária e expectativas de retomada

Atualmente, o fundo Samambaia, de Ronaldo Cezar Coelho, detém 20% das ações da Light. Outros acionistas relevantes são a WNT, ligada a Nelson Tanure (18,9%), o BTG Pactual (14,8%) e o Santander (10,2%). Coelho, que comandou a privatização da companhia, afirma que permanece confiante:

“Eu comandei a privatização da Light. Comprei essas ações a R$ 20 da Cemig e a R$ 23 do BNDES. E aconteceu o que aconteceu depois. Mas estou aqui e estou pensando em cinco anos para frente.”

O investidor aposta na saída da recuperação judicial em breve e projeta uma “nova Light” após 2026, com contratos renegociados e um passivo reduzido. Para ele, o bom relacionamento com a Aneel será decisivo:

“A relação política e com a Aneel está ótima, como nunca esteve.”

Combate às perdas e modernização da rede

Um dos maiores desafios da distribuidora é o elevado índice de perdas não técnicas, os chamados “gatos”. Dados divulgados em 2024 mostram que 35% dos clientes fazem ligações clandestinas. Coelho defende que a renovação da concessão contemple mecanismos para reduzir essas perdas, especialmente no repasse do ICMS cobrado sobre energia furtada.

A empresa projeta que parte do investimento será captado via debêntures incentivadas, destinadas à modernização da rede de distribuição. Uma fonte ouvida pelo InvestNews explicou:

“A Light tem uma rede muito antiga e atua em áreas que vão necessitar de uma grande renovação dos equipamentos da rede nos próximos cinco anos.”

Saída da recuperação e novos negócios

A recuperação judicial da Light foi possível após uma manobra jurídica que transferiu o pedido da concessionária para a holding, contornando restrições legais. O processo, conduzido pelo então CEO Octavio Lopes, resultou em um acordo com credores em abril de 2024. Para Coelho, a estratégia foi decisiva:

“Quando ele [Lopes] viu a mudança na lei do ICMS, ficou claro que o caixa ia drenar, e isso era uma condenação da empresa à morte.”

Além do setor elétrico, o acionista vislumbra novas frentes de atuação. Ele cita a possibilidade de comercializar créditos de carbono a partir de reservas de Mata Atlântica sob controle da companhia e até de explorar serviços financeiros com base em dados de consumo.

“Hoje, nós estamos com um caminhão caído na beira da estrada. Estamos tirando o caminhão da ribanceira, mas ao mesmo tempo estamos arrumando o motor e trocando os pneus, com a nova concessão. Quando ele vier pra estrada, a Light vai voltar para a estrada numa outra fase da economia brasileira, podendo apostar em inteligência artificial e meios de pagamento.”

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