Itaú e Bradesco recebem aval para negociar ETF do Ibovespa na China
Parceria entre gestoras brasileiras e chinesas amplia integração dos mercados financeiros e permite a investidores da China aplicar em ativos da B3
247 - As gestoras Itaú Asset Management e Bradesco Asset Management receberam autorização da China Securities Regulatory Commission (CSRC), o órgão regulador do mercado de capitais da China, para listar e negociar seus fundos de índice (ETF) do Ibovespa nas bolsas de Xangai e Shenzhen. A informação foi publicada originalmente pelo Valor Econômico.
De acordo com o jornal, a aprovação marca um novo capítulo no ETF Connect, programa que busca integrar os mercados de capitais do Brasil e da China. A iniciativa é coordenada pela Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e cria um mecanismo de listagem recíproca de ETFs entre a B3 e as bolsas chinesas.
Parceria estratégica entre Brasil e China
O projeto foi tema de negociações bilaterais durante a 11ª Reunião da Subcomissão Econômico-Financeira da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), realizada em setembro de 2025. Lançado oficialmente em maio do mesmo ano, o ETF Connect começou com os primeiros fundos do Bradesco e do Itaú referenciados em índices chineses — o CSI 300 e o ChiNext — listados na B3.
Agora, o movimento segue no sentido inverso: as gestoras chinesas E-Fund, China AMC e China Universal passam a listar ETFs baseados no Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, que reúne as empresas de maior capitalização do país.
Expansão do investimento chinês no mercado brasileiro
Com a aprovação, investidores chineses poderão aplicar diretamente em ativos da B3 por meio dos novos ETFs. O mercado acionário da China continental superou, em 2025, a marca de 100 trilhões de yuans — o equivalente a R$ 73 trilhões, mais de seis vezes o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Para Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset, o interesse chinês por ativos brasileiros é crescente: “Há demanda dos investidores chineses por ativos brasileiros. Num primeiro momento, a ideia é captar R$ 300 milhões, mas o BOVB11 tem cota para chegar a um valor bem maior e superar a casa de R$ 1 bilhão”, afirmou. Segundo ele, as negociações devem começar na segunda semana de novembro.
O Itaú Unibanco também comemorou o avanço. “Estamos honrados por obter essa aprovação e, com isso, termos a oportunidade de abrir as portas do mercado brasileiro para receber recursos de investidores chineses em um momento com boas perspectivas para os ativos brasileiros”, declarou Carlos Augusto Salamonde, líder da Diretoria de Gestão de Investimentos Globais do banco.
Desempenho e atratividade do mercado brasileiro
Segundo dados da Bloomberg, o ETF BOVV11 apresentou, nos últimos cinco anos, uma rentabilidade média de 11,9% ao ano em renminbi (CNY). Apenas em 2025, o retorno acumulado atingiu 35,19%, bem acima dos 11,85% do índice S&P 500, que mede o desempenho das principais ações dos Estados Unidos.
