Bolsas da China e Hong Kong têm maior queda semanal desde abril
Realização de lucros em ações de inteligência artificial e tensões comerciais entre EUA e China ampliam pessimismo nos mercados
247 - As bolsas da China e de Hong Kong registraram fortes perdas nesta sexta-feira (17), encerrando a semana com o pior desempenho desde o início de abril. A aversão ao risco cresceu diante das incertezas sobre as relações comerciais entre Pequim e Washington e da pressão vinda da realização de lucros em papéis ligados à inteligência artificial.
O índice de Xangai recuou 1,95% no fechamento, enquanto o CSI300 — que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen — caiu 2,26%. Já em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 2,48%. No acumulado semanal, o CSI300 teve queda de mais de 2% e o Hang Seng acumulou retração de 4%, ambos atingindo as maiores baixas semanais desde abril, quando as tarifas impostas pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactaram os mercados globais.
Sentimento cauteloso
Analistas do banco UBS destacaram, em nota a clientes, que a volatilidade política tem influenciado diretamente o comportamento dos investidores. “O sentimento dos investidores mudou amplamente à medida que o mercado se torna volátil, com a maioria no modo de esperar para ver em meio a altos e baixos políticos”, afirmou a instituição.
Segundo o UBS, a expectativa é de que os investidores mantenham cautela e priorizem setores como tecnologia, materiais básicos e bens de consumo emergentes até o final de 2025. “Há mais risco de queda e maior incerteza do que há uma semana”, acrescentaram os analistas.
Tensão entre Pequim e Washington
A deterioração do ambiente de negócios foi agravada pelas novas disputas comerciais. Nesta semana, Pequim acusou os Estados Unidos de estimular pânico em torno de seus controles sobre terras raras, recurso estratégico para diversas cadeias produtivas. Além disso, as duas maiores economias do mundo passaram a aplicar tarifas adicionais sobre empresas de transporte marítimo, ampliando as tensões.
Expectativa por reunião em Pequim
A atenção dos investidores agora se volta para a reunião do Comitê Central do Partido Comunista da China, que ocorrerá entre segunda e quinta-feira da próxima semana. O encontro, a portas fechadas em Pequim, deve debater o 15º plano quinquenal de desenvolvimento do país, considerado crucial para a definição das prioridades econômicas e políticas da próxima década.
Desempenho de outras bolsas na Ásia-Pacífico
Nos demais mercados da região, o clima também foi de cautela. Em Tóquio, o Nikkei caiu 1,44%, a 47.582 pontos. Em Seul, o Kospi fechou estável, com leve alta de 0,01%, a 3.748 pontos. Já em Taiwan, o Taiex recuou 1,25%, a 27.302 pontos.
Outros índices também apresentaram retração: em Cingapura, o Straits Times caiu 0,81%, a 4.320 pontos; em Sydney, o S&P/ASX 200 recuou 0,81%, a 8.995 pontos.


