Eletrobras vende Eletronuclear à J&F por R$ 535 mi
Negócio marca estreia da J&F no setor nuclear e reforça foco da Eletrobras em geração e transmissão
247 - A Eletrobras anunciou a venda integral de sua participação na Eletronuclear para a Ambar Energia, empresa do grupo J&F S.A., em um acordo de R$ 535 milhões. A operação inclui ainda a assunção de garantias antes concedidas pela estatal e a subscrição de debêntures regulatórias avaliadas em R$ 2,4 bilhões, conforme decisão homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi divulgada pelo Brazil Stock Guide.
Segundo o portal, a transação concede à Ambar 68% do capital total da Eletronuclear e 35,3% das ações com direito a voto. O controle da companhia, no entanto, seguirá sob o comando do governo federal, por meio da ENBPar, que manterá 64,7% do capital votante e cerca de 32% do capital total.
Estreia no setor nuclear
O acordo marca a entrada da J&F no segmento de geração nuclear, ampliando o portfólio da Ambar Energia, que já reúne cerca de 50 ativos em diferentes fontes, como solar, hidrelétrica, biodiesel, biomassa, biogás e gás natural.
Para Marcelo Zanatta, CEO da Ambar Energia, o momento é estratégico para o setor:
“A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões — qualidades essenciais em um cenário de descarbonização e de crescente demanda elétrica impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização”.
Ativos da Eletronuclear
A Eletronuclear administra Angra 1 (640 MW) e Angra 2 (1.350 MW) e está à frente da construção de Angra 3 (1.405 MW). Juntas, as três usinas terão capacidade de geração de até 3.400 MW, suficientes para abastecer mais de 10 milhões de pessoas.
Os contratos de longo prazo garantem previsibilidade de receitas até 2040 e 2044, assegurando estabilidade financeira. Em 2024, a empresa registrou receita líquida de R$ 4,7 bilhões e lucro líquido de R$ 545 milhões.
Reestruturação estratégica da Eletrobras
Para a Eletrobras, a alienação representa o fim de um capítulo considerado não estratégico. A companhia ressaltou que o negócio libera capital regulado, reduz passivos contingentes e simplifica sua estrutura societária.
O processo, assessorado pelo BTG Pactual, ainda depende de aprovação regulatória. Apesar do impacto contábil negativo — a estatal avaliava a Eletronuclear em R$ 7,8 bilhões no segundo trimestre de 2025, o que resultará em baixa de cerca de R$ 7 bilhões — a Eletrobras avalia que a medida fortalece sua posição de risco e reforça o foco em ativos de geração e transmissão.
Reconfiguração do setor nuclear
Com a entrada da J&F, o setor nuclear brasileiro passa a contar com participação mais expressiva da iniciativa privada, até então restrita.
“Com esta aquisição, consolidamos o portfólio mais diversificado do setor elétrico brasileiro, combinando múltiplas fontes para garantir segurança energética, sustentabilidade e competitividade”, destacou Zanatta.


