Xi afirma que China e Rússia devem assumir responsabilidade especial como grandes potências
As declarações foram feitas durante encontro com o presidente russo Vladimir Putin
247 - Diante da maré contrária do unilateralismo e da política de poder e intimidação no cenário mundial, a China atuará ao lado da Rússia para assumir a responsabilidade especial que cabe aos grandes países do mundo e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, afirmou nesta quinta-feira o presidente chinês, Xi Jinping, durante visita de Estado à Rússia.
As declarações foram feitas durante encontro com o presidente russo Vladimir Putin. Os dois líderes trocaram opiniões aprofundadas sobre as relações bilaterais entre China e Rússia e questões internacionais e regionais relevantes. Chegaram a consensos sobre o aprofundamento da coordenação estratégica e a promoção do desenvolvimento estável, saudável e de alto nível da parceria sino-russa.
Xi e Putin também defenderam a promoção de uma visão histórica correta sobre a Segunda Guerra Mundial, a preservação da autoridade e do papel da Organização das Nações Unidas, bem como a proteção da justiça e equidade internacionais.
Após uma cerimônia de boas-vindas, os líderes participaram de reuniões em formatos reduzido e ampliado com suas respectivas delegações. Segundo Xi, os laços entre China e Rússia vêm se desenvolvendo de maneira estável e elevada nos últimos anos, graças aos esforços conjuntos. Destacou, ainda, a amizade de vizinhança e a cooperação mutuamente benéfica como marcas distintivas dessa relação.
“O vínculo de confiança política entre os dois países se aprofundou continuamente, a cooperação prática se fortaleceu, enquanto os intercâmbios culturais e interações locais ganharam vitalidade”, afirmou Xi, acrescentando que as relações sino-russas tornaram-se mais confiantes, estáveis e resilientes nesta nova era.
Segundo ele, a história e a realidade demonstram que fortalecer as relações entre China e Rússia é essencial para manter viva a amizade entre os povos das duas nações e garantir o sucesso mútuo, o desenvolvimento e a revitalização de ambos os países. Trata-se, segundo Xi, de uma resposta às exigências do tempo, voltada à defesa da justiça internacional e à promoção da reforma do sistema de governança global.
Xi lembrou que este ano marca os 80 anos das vitórias da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa, da Grande Guerra Patriótica da União Soviética e da Segunda Guerra Mundial. “Há 80 anos, os povos da China e da Rússia fizeram enormes sacrifícios e alcançaram grandes vitórias, contribuindo historicamente para a paz mundial e o progresso da humanidade”, disse.
A China, afirmou, trabalhará com a Rússia para sustentar uma posição clara sobre a história da Segunda Guerra Mundial, defender a autoridade da ONU, proteger os direitos e interesses de ambos os países e das nações em desenvolvimento, além de promover um mundo multipolar igualitário e uma globalização econômica inclusiva e benéfica para todos.
Os presidentes também ouviram relatórios de autoridades de diferentes setores sobre a cooperação bilateral.
Xi enfatizou que China e Rússia devem manter a trajetória da cooperação, afastar interferências externas e consolidar as bases do relacionamento. Ele destacou a importância de explorar os recursos e as vantagens complementares dos dois países para expandir a cooperação de alta qualidade em áreas como economia, comércio, energia, agricultura, aeroespacial e inteligência artificial.
Segundo Xi, a sinergia entre a Iniciativa do Cinturão e Rota e a União Econômica Eurasiana deve servir como plataforma para um padrão de conectividade de alto nível. Ele também propôs intensificar as cooperações nos campos da educação, cinema, turismo, esportes e intercâmbios regionais, no contexto do “Ano da Cultura China-Rússia”.
O presidente chinês defendeu uma coordenação mais estreita em fóruns multilaterais como a ONU, a Organização para Cooperação de Xangai e o BRICS, com foco na união do Sul Global, na defesa do verdadeiro multilateralismo e na condução da reforma da governança global.
Xi ainda destacou que a China está promovendo a construção de um país forte e a causa da revitalização nacional por meio da modernização chinesa, e está confiante para superar todos os desafios. “Independentemente das mudanças no ambiente externo, a China lidará com seus próprios assuntos com firmeza”, disse, reiterando a disposição de trabalhar com a Rússia pela estabilidade do comércio global e das cadeias industriais.
Por sua vez, Putin deu as boas-vindas calorosas a Xi e destacou a importância da visita, não apenas para fortalecer os laços bilaterais, mas também para preservar os resultados da vitória na Segunda Guerra Mundial.
O presidente russo afirmou que as relações Rússia-China se baseiam em igualdade e respeito mútuo, não têm como alvo terceiros e não são afetadas por eventos temporários. Disse ainda que promover a cooperação estratégica e ampliar os benefícios mútuos é uma escolha estratégica da Rússia.
Putin reiterou o apoio firme à política de “uma só China” e à posição de Pequim sobre a questão de Taiwan. Também expressou a disposição da Rússia de manter estreitos intercâmbios de alto nível com a China, fortalecer a cooperação prática em áreas como comércio, investimento, energia, agricultura, ciência e tecnologia, além de expandir os intercâmbios culturais e juventude, especialmente no Extremo Oriente russo.
Sobre tarifas elevadas, Putin foi direto: “impor tarifas é inútil e ilegal, e terá efeito contrário”. E defendeu mais coordenação com a China contra o unilateralismo, abusos de sanções e confrontos entre blocos.
Recordando os sacrifícios das duas nações na Segunda Guerra Mundial, Putin elogiou a bravura do povo chinês sob a liderança do Partido Comunista da China e ressaltou que ambos os países devem preservar a autoridade da ONU, manter a narrativa histórica correta sobre o conflito e trabalhar juntos por um futuro melhor.
Após os diálogos, Xi e Putin assinaram uma declaração conjunta para aprofundar a parceria estratégica abrangente China-Rússia para uma nova era. Eles também presenciaram a troca de mais de 20 documentos bilaterais em áreas como estabilidade estratégica, direito internacional, biossegurança, proteção de investimentos, economia digital, quarentena e cooperação cinematográfica.
Por fim, os dois presidentes instruíram os ministérios e agências de seus países a intensificarem a comunicação e a coordenação para dar seguimento aos consensos firmados e garantir avanços concretos na cooperação bilateral. Eles também concederam uma entrevista coletiva conjunta à imprensa.
(Com informações da Xinhua)
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