Usina ucraniana tem corte de energia e Kiev culpa a Rússia, que faz cobranças à Agência Internacional de Energia Atômica
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que Moscou está desapontada com a ausência de reação da AIEA
247 - Todas as linhas de energia externas que fornecem eletricidade para a Usina Nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, ocupada pela Rússia, ficaram inoperantes por várias horas nesta sexta-feira (4), informou o órgão de vigilância nuclear da ONU, mas a administração da usina disse mais tarde que a energia havia sido restaurada.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que Moscou está desapontada com a ausência de reação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aos ataques ucranianos contra a usina nuclear de Zaporíjia (ZNPP, na sigla em inglês).
"Estamos desapontados com a falta de qualquer reação a essas ações por parte do regime de Kiev por parte da secretaria da AIEA, apesar de a liderança da agência estar bem ciente do ataque em si e de qual Estado — ou melhor, qual regime — o cometeu", declarou Zakharova em um briefing.
A porta-voz acrescentou que a Rússia buscará firmemente uma avaliação adequada das ações da Ucrânia por parte de organizações internacionais, principalmente da AIEA e da ONU.

O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, reconheceu que a energia havia sido restaurada após três horas e meia. Mas ele acrescentou em uma declaração no X que a segurança nuclear "continua extremamente precária na Ucrânia".
O ministro da energia da Ucrânia culpou o bombardeio russo por cortar a última linha de energia da usina e de seus seis reatores. A operadora de distribuição de energia do país disse que seus técnicos haviam tomado medidas para restaurá-la.
A maior usina nuclear da Europa, que não está operando, mas ainda precisa de energia para manter seu combustível nuclear resfriado, passou a funcionar com geradores a diesel durante a interrupção, informou a AIEA.
A agência tem alertado repetidas vezes sobre o risco de um acidente catastrófico em Zaporizhzhia, que está localizada perto da linha de frente da guerra na Ucrânia. Seus seis reatores estão desligados, mas o combustível nuclear dentro deles ainda precisa ser resfriado, o que requer energia constante.
A gerência da usina, instalada na Rússia, emitiu um comunicado no Telegram dizendo que a linha de alta tensão para a usina havia sido restaurada.
O comunicado disse que não houve interrupções nas operações da usina, nenhuma violação dos procedimentos de segurança e nenhum aumento nos níveis de radiação de fundo além dos níveis normais.
A AIEA havia dito mais cedo que a usina havia perdido toda a energia fora do local pela nona vez durante o conflito militar e pela primeira vez desde o final de 2023. "A ZNPP atualmente depende da energia de seus geradores a diesel de emergência, destacando (a) situação de segurança nuclear extremamente precária."
O ministro da Energia da Ucrânia, German Galuschenko, escreveu no Telegram que um ataque russo havia desconectado a usina. "O inimigo atingiu a linha de energia que conecta a (Usina Nuclear de) Zaporizhzhia, temporariamente ocupada, com o sistema de energia integrado da Ucrânia."
A Ukrenergo, a única operadora de linhas de alta tensão na Ucrânia, disse que seus especialistas a trouxeram de volta ao serviço. "Os especialistas da Ukrenergo colocaram de volta em serviço a linha de alta tensão que abastece a usina de energia temporariamente ocupada", disse a empresa no Telegram.
Nem a AIEA nem a gerência da usina instalada pela Rússia citaram inicialmente uma causa para o corte. As forças russas tomaram a estação de Zaporizhzhia nas primeiras semanas da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022. Cada lado acusa regularmente o outro de disparar ou tomar outras medidas que poderiam desencadear um acidente nuclear (com Reuters).
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