HOME > Mundo

Trump liga uso de Tylenol na gravidez ao autismo; pesquisadores contestam

Presidente dos EUA também defendeu leucovorina como tratamento para sintomas, mas estudos ainda são limitados e não conclusivos

O presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca (Foto: REUTERS/Jonathan Ernst)

(Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (22) que há uma ligação entre o uso do popular analgésico de venda livre Tylenol (paracetamol) durante a gravidez e o desenvolvimento de autismo nos bebês – uma alegação contestada por muitos médicos.

Trump também sugeriu o uso de leucovorina, uma forma de ácido fólico, como tratamento para sintomas de autismo durante um evento na Casa Branca. A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) publicou, antes do discurso, um aviso no Registro Federal aprovando uma versão do medicamento produzida pela GSK (GlaxoSmithKline), que havia sido retirada anteriormente. A FDA aprovou o uso do fármaco para uma condição associada ao autismo.

Segundo a agência, a decisão se baseou em uma revisão do uso da leucovorina em 40 pacientes com uma rara deficiência metabólica chamada deficiência de folato cerebral, que pode causar uma série de sintomas neurológicos, alguns semelhantes aos observados em pessoas com autismo.

Trump declarou que a FDA notificará médicos de que o uso de Tylenol durante a gravidez “pode estar associado a um risco muito aumentado de autismo”, sem apresentar evidências para sustentar a afirmação.

“Tomar Tylenol não é bom. Eu digo isso. Não é bom”, afirmou. “Você não deve dar Tylenol para a criança toda vez que ela tomar uma vacina”, acrescentou.

Pesquisadores, porém, ressaltam que não há evidência sólida de qualquer ligação entre o uso de Tylenol e autismo. Eles dizem que a leucovorina, utilizada no tratamento de alguns pacientes com câncer em quimioterapia, apresentou resultados promissores em ensaios clínicos muito pequenos, mas que ainda são necessários estudos de larga escala e com metodologia randomizada.

O Tylenol é fabricado pela empresa de saúde ao consumidor Kenvue, desmembrada da Johnson & Johnson em 2023, e também está disponível em versões genéricas de acetaminofeno (paracetamol). Em comunicado nesta segunda-feira, a Kenvue afirmou discordar da sugestão de qualquer ligação, alegando que ela não tem base científica.

Artigos Relacionados