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Trump intensifica guerra comercial contra a China para impedir a ascensão da potência rival

Enquanto Trump suspende taxas a dezenas de países, aumenta pressão sobre a China, que denuncia golpe sem precedentes e promete resistência

(Foto: Gerada por IA/DALL-E)
José Reinaldo avatar
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247 - Em uma reviravolta surpreendente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu as pesadas tarifas que havia acabado de impor a dezenas de países, para concentrar suas forças na guerra comercial contra a China.

A medida foi anunciada menos de 24 horas após Trump ter decretado novas tarifas sobre uma ampla gama de parceiros comerciais. A decisão causou alívio nos mercados: o índice S&P 500 fechou com alta de 9,5%, e a recuperação se espalhou para os mercados asiáticos, com o Nikkei japonês subindo 8% nesta quinta-feira (10). No entanto, analistas alertam que a trégua pode ser passageira.

Apesar do gesto de trégua com aliados, Trump intensificou a ofensiva contra a China, principal alvo de sua cruzada protecionista, destaca reportagem da Reuters. As tarifas sobre produtos chineses foram elevadas de 104% para 125%, num movimento que reforça a tensão entre as duas maiores economias do planeta. A ação unilateral de Washington foi descrita por empresários chineses como um "golpe sem precedentes".

Empresas chinesas que vendem na Amazon já se preparam para repassar os custos aos consumidores norte-americanos ou até mesmo abandonar o mercado dos EUA. Segundo o presidente da maior associação de comércio eletrônico da China, as novas tarifas impõem um fardo insustentável para muitos negócios: "Agora, só temos que lidar com uma tarifa básica de 10%, que cria um resultado muito mais certo em termos de custo dos produtos, de como será o comércio e, obviamente, um impacto muito menor sobre os consumidores".

Pequim, por sua vez, não ficou inerte. Em resposta imediata, o governo chinês aplicou tarifas de 84% sobre produtos norte-americanos, em linha com os aumentos promovidos por Trump. A chancelaria chinesa declarou que está pronta para "lutar até o fim", denunciando o caráter unilateral e punitivo das medidas norte-americanas.

A injustiça da postura dos Estados Unidos salta aos olhos. A China tem buscado alternativas diplomáticas e comerciais, intensificando o diálogo com a União Europeia, a ASEAN, através da Malásia que exerce a presidência rotativa do bloco e outros parceiros, na tentativa de neutralizar os efeitos do cerco norte-americano. Pequim propôs até mesmo à Austrália um esforço conjunto para enfrentar a onda tarifária, mas o governo australiano recusou a oferta, em mais um reflexo das divisões no cenário internacional.

Para analistas, como Chris Turner, diretor global de mercados do ING, o confronto entre EUA e China chegou a um ponto crítico: "Os EUA e a China estão atualmente em um jogo de poder e de temeridade", afirmou.

A estratégia errática de Trump tem causado perplexidade entre líderes mundiais e executivos. Desde que voltou à Casa Branca em janeiro, o presidente dos EUA tem oscilado entre ameaças duras e recuos inesperados. Seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, tentou justificar a recente suspensão das tarifas como parte de uma estratégia negociadora, mas a instabilidade gerada nos mercados sugere que os efeitos colaterais foram subestimados. 

Ao manter e até ampliar as tarifas sobre a China, o presidente dos EUA demonstra que não pretende recuar frente à potência asiática.

A guerra comercial, iniciada sob o argumento de proteger a indústria americana, tem se revelado um instrumento de contenção geopolítica, visando conter o crescimento chinês. Para muitos observadores, trata-se de uma tentativa de manter a hegemonia global dos EUA diante da ascensão da China — uma lógica que contraria os princípios do livre comércio e do multilateralismo.

A retaliação chinesa e a busca por novos parceiros mostram que a China está longe de se intimidar. Ao contrário: reforça sua posição no cenário internacional, buscando fortalecer o intercâmbio com nações que desejam um sistema global mais justo e equilibrado. A injustiça da guerra comercial imposta por Washington não é apenas econômica, mas também política — e ameaça desestabilizar as já frágeis relações internacionais.

O desfecho desse embate ainda é incerto, mas uma coisa é clara: ao escolher intensificar o conflito com a China, Trump revela a verdadeira natureza de sua política comercial — não se trata de proteger a economia dos EUA, mas de conter o avanço de uma potência rival em ascensão.

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