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Trump joga faísca em Gaza e diz que Hamas pode enfrentar força "brutal"

As declarações do presidente norte-americano aumentam ainda mais a preocupação com a dificuldade de implementar um cessar-fogo na Faixa de Gaza

Donald Trump em discurso em Jerusalém 13/10/2025 (Foto: Evelyn Hockstein/Reuters)

247 - Diversos aliados dos Estados Unidos disseram que gostariam de ter a oportunidade de entrar na Faixa de Gaza e reprimir o Hamas com "força pesada", mas ainda não há necessidade, afirmou o presidente norte-americano, Donald Trump, nesta terça-feira (21).

"Eu disse a esses países e a Israel: ´ainda não!´ Ainda há esperança de que o Hamas faça o que é certo. Se não o fizerem, o fim do Hamas será rápido, furioso e brutal! Gostaria de agradecer a todos os países que ligaram para ajudar", escreveu Trump no Truth Social.

As declarações de Trump aumentam ainda mais a preocupação com o genocídio que ocorre na Faixa de Gaza. No último domingo (19), o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gir, afirmou que o seu país deve “voltar à guerra” abrir os “portões do inferno“ na Faixa de Gaza, onde ocorre um genocídio com mais de 68 mil palestinos mortos desde outubro de 2023.

O Hamas, que governa Gaza, e autoridades de Israel vêm trocando acusações de violação do cessar-fogo.

Estatísticas

Além dos quase 70 mil mortos, números divulgados pelo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza apontaram que os bombardeios provocaram o deslocamento de cerca de 1,9 milhão de pessoas, o que equivale a aproximadamente 90% da população local.

Em 22 de agosto, a Organização das Nações Unidas apontou que mais de 500 mil moradores de Gaza vivem em condição de fome, conforme os critérios da Classificação Integrada de Segurança Alimentar. Foi a primeira vez que a situação de fome foi registrada oficialmente no Oriente Médio. As estimativas indicam agravamento do cenário.

Na ocasião, a ONU destacou: “Relatório de segurança alimentar, apoiado pela organização, retrata situação de inanição generalizada, miséria e mortes evitáveis”, acrescentando tratar-se de “uma falha da própria humanidade”.

Cessar-fogo

No dia 13 deste mês, foi firmado um acordo de cessar-fogo envolvendo a participação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de representantes de Egito, Catar e Turquia. Conforme autoridades israelenses, no mesmo dia 250 palestinos condenados a longas penas ou prisão perpétua foram libertados, junto a 1.700 detidos sem acusação formal. Entre eles, 154 foram transferidos ao Egito, segundo a Sociedade de Prisioneiros Palestinos.

O documento prevê a retirada parcial das tropas israelenses e a libertação de prisioneiros dos dois lados. Pelo acordo, o Hamas deverá soltar todos os israelenses em cativeiro desde outubro de 2023, enquanto Israel concordou em liberar cerca de 2 mil palestinos, incluindo mulheres, crianças e pessoas presas há décadas.

Outro ponto do cessar-fogo estabelece a criação de corredores humanitários para a entrada de alimentos, medicamentos e combustível. O cumprimento das medidas ficará sob supervisão de uma coalizão internacional formada por Estados Unidos, Egito, Catar, Turquia e ONU.

Justiça Internacional

Em dezembro de 2023, a África do Sul acionou a Corte Internacional de Justiça (CIJ), alegando que Israel teria violado a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. O pedido solicitava providências imediatas contra autoridades israelenses. Em resposta, Israel declarou que suas ações tinham caráter defensivo e negou as acusações. O Brasil apoiou a iniciativa sul-africana.

Em janeiro de 2024, a CIJ ordenou que Israel adotasse medidas para evitar genocídio, punisse quem incitasse a destruição do povo palestino e assegurasse a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Mas o tribunal rejeitou o pedido da África do Sul para a suspensão imediata das ofensivas militares. Vários países, entre eles o Brasil, manifestaram apoio ao processo.

Posteriormente, em novembro de 2024, a CIJ expediu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o então ministro da Defesa Yoav Gallant e líderes do Hamas, acusando-os de crimes de guerra. Tanto autoridades de Israel quanto representantes do Hamas rejeitaram as acusações.

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