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Sánchez pede perdão à Espanha por escândalo de corrupção e enfrenta pressão para renunciar

Líder socialista se diz traído por aliado próximo, promete reformular partido e nega convocação de eleições antecipadas, enquanto oposição exige sua saída

Primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, durante entrevista coletiva em Pequim -11/04/2025 (Foto: EUTERS/Tingshu Wang)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, pediu desculpas aos espanhóis nesta quinta-feira (13) pelo escândalo de corrupção que abalou seu partido e provocou a renúncia de um dos principais quadros do PSOE, o secretário de organização Santos Cerdán. A notícia foi divulgada originalmente pela BBC News, em matéria assinada por Paul Kirby, editor digital para a Europa.

“Não existe corrupção zero, mas deve haver tolerância zero quando ela ocorre”, afirmou Sánchez, visivelmente abatido, em entrevista coletiva convocada de emergência. Ele disse ter se equivocado ao confiar em Cerdán, que agora será investigado pela Suprema Corte espanhola sob suspeita de participação em um esquema de favorecimento de contratos públicos em troca de propina.

“Não deveríamos ter confiado nele. Peço perdão ao povo espanhol”, declarou o premiê, acrescentando que não tinha qualquer conhecimento sobre os fatos investigados. Apesar da gravidade do caso, Sánchez afastou a possibilidade de convocar novas eleições antes de 2027, prometeu reformular a direção do Partido Socialista e reiterou seu compromisso com a “renovação democrática” e a “política limpa”.

Santos Cerdán renunciou ao cargo e alegou inocência. “Jamais cometi um crime nem fui cúmplice de nenhum”, afirmou. Ele deve prestar depoimento no próximo dia 25 de junho. O escândalo também envolve o ex-ministro dos Transportes, José Luis Ábalos — que já havia sido afastado do cargo em uma reforma ministerial em 2021 e, neste ano, foi forçado a deixar o PSOE, embora mantenha o mandato como deputado independente. Outro investigado é o ex-assessor Koldo García.

Segundo relatório da Unidade Operacional Central da Guarda Civil, revelado pela imprensa espanhola, Cerdán teria conhecimento de pagamentos ilícitos que somam aproximadamente 620 mil euros. Parte das provas inclui gravações feitas por Koldo García ao longo de quatro anos, nas quais ele e Cerdán discutiriam pagamentos suspeitos. Tanto García quanto Ábalos também foram convocados a depor.

A crise política reacende a fragilidade do governo de coalizão liderado por Sánchez, que assumiu o poder em 2018. Embora tenha conseguido se manter no cargo após as eleições de 2023 — mesmo com a vitória do Partido Popular, de direita —, o líder socialista depende do apoio de aliados instáveis, como a coligação de esquerda Sumar. A vice-primeira-ministra Yolanda Díaz, representante da Sumar, já se manifestou exigindo explicações.

A oposição, por sua vez, aproveita o momento para aumentar a pressão. Em comício no centro de Madri no fim de semana, dezenas de milhares de pessoas pediram a renúncia do premiê com o lema “máfia ou democracia”. O líder conservador Alberto Núñez Feijóo declarou: “A sobrevivência [de Sánchez] já não é uma opção. A corrupção é a marca registrada deste governo e isso precisa acabar”.

Esta não é a primeira crise enfrentada por Sánchez. Em abril de 2024, ele chegou a considerar a renúncia depois que sua esposa passou a ser investigada pela Justiça. Após cinco dias de reflexão, anunciou, em pronunciamento televisionado, que permaneceria no cargo. Agora, com um de seus aliados mais próximos sob suspeita, sua permanência no poder volta a ser questionada.

Apesar da pressão interna e externa, o premiê insiste em manter o rumo. “Isso não é sobre mim, nem sobre o partido. É sobre a Espanha e o projeto político que estamos construindo”, afirmou, garantindo que continuará à frente do governo até o fim do mandato.

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