Qatar pede sanções a Israel e acusa ofensiva de extermínio
Premiê qatari cobra punições internacionais enquanto Netanyahu avança ataques em Gaza e recebe apoio do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio
247 - O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, pediu neste domingo (14) que a comunidade internacional adote sanções contra Israel, acusado por ele de crimes de guerra e de promover uma “guerra de extermínio” contra os palestinos. As declarações foram feitas em reunião preparatória para a cúpula de emergência de líderes árabes e muçulmanos em Doha, segundo noticiou a Folha de S.Paulo.
O apelo surge dias após Israel ter realizado um bombardeio inédito contra integrantes da liderança política do Hamas em território qatari, ação defendida pelo premiê Binyamin Netanyahu mas condenada pela maioria da comunidade internacional. Al-Thani afirmou que “chegou o momento de que a comunidade internacional pare de usar dois pesos e duas medidas e sancione Israel por todos os crimes que cometeu”.
Resolução em preparação e apoio dos EUA a Israel
Um rascunho da resolução que deve ser aprovado nesta segunda (15) pela cúpula árabe-muçulmana condena “o ataque brutal de Israel ao Qatar” e denuncia atos de “genocídio, limpeza étnica, fome, cerco e expansão colonial” como obstáculos à paz regional.
Enquanto isso, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, iniciou uma visita oficial a Israel para reafirmar o apoio de Washington. Apesar de o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter manifestado descontentamento com o ataque em Doha, Rubio destacou a continuidade da parceria estratégica. “O que aconteceu, aconteceu. Vamos nos reunir com eles [a liderança israelense]. Vamos conversar sobre o que o futuro reserva”, declarou.
O secretário visitou o Muro das Lamentações em Jerusalém ao lado de Netanyahu e do embaixador americano, Mike Huckabee, em gesto simbólico de proximidade entre os governos.
Escalada em Gaza e críticas regionais
Na Faixa de Gaza, a ofensiva israelense se concentrou na Cidade de Gaza, onde vivem cerca de um milhão de palestinos deslocados. Autoridades locais relataram que ao menos 30 edifícios residenciais foram destruídos nos últimos dias, com milhares de pessoas forçadas a abandonar suas casas. Segundo dados palestinos, mais de 40 civis morreram na última semana, 28 deles na Cidade de Gaza.
Relatos de deslocados revelam o colapso da infraestrutura humanitária. “O bombardeio se intensificou em todos os lugares e desmontamos as tendas, mais de vinte famílias, não sabemos para onde ir”, disse Musbah Al-Kafarna.
Israel alega ter realizado cinco ondas de ataques contra mais de 500 alvos ligados ao Hamas, incluindo postos de atiradores, túneis e depósitos de armas. Paralelamente, o governo Netanyahu aprovou novo plano de expansão de assentamentos na Cisjordânia, medida criticada por países árabes como os Emirados Árabes Unidos, que advertiram sobre riscos aos Acordos de Abraão.