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Oxfam lamenta morte de colega de organização parceira por ataque israelense em Gaza

Uma mulher e seus dois filhos foram vítimas dos ataques de Israel

"Gaza está queimando", anunciam os sionistas genocidas (Foto: REUTERS/Amir Cohen)

247 - A Oxfam afirmou nesta sexta-feira (3) que “está profundamente chocada e lamenta” a morte de Tasneem, 27 anos, e de seus dois filhos, Sham (5) e Suleiman (3), em um ataque aéreo israelense. Tasneem era psicóloga na organização parceira da Oxfam, Juzoor for Health and Community Development.

"Tasneem era uma humanitária corajosa e dedicada. Apesar do perigo constante, ela serviu aqueles em situação de extrema necessidade até o fim. Sua morte, junto com a de seus filhos, é uma tragédia de partir o coração. Esta violência está destruindo aqueles que tentam ajudar. É incompreensível e deve parar. Chega!", disse Umiayeh Khammash, diretor da Juzoor.

Tasneem estava grávida quando morreu e já havia perdido seu filho, Muslam, em um ataque anterior no ano passado. A morte da família ocorreu em 20 de setembro. O marido de Tasneem permanece gravemente ferido devido ao ataque recente.

Mais ataques

Também em setembro, outras duas organizações parceiras da Oxfam também tiveram suas instalações destruídas em ataques indiscriminados de Israel. Escritórios das parceiras da Oxfam, Al Ataa (associação de mulheres que trabalha para empoderar e proteger grupos vulneráveis) e uma clínica da Sociedade Palestina de Auxílio Médico (PMRS), foram destruídos.

A PMRS tratava milhares de pessoas no norte de Gaza todos os dias, fornecendo cuidados primários de saúde, serviços para gestantes e outras pessoas vulneráveis, serviços de saúde para mulheres, clínicas de desnutrição, apoio psicossocial e cuidados especializados em cardiologia, endocrinologia, pneumologia, nefrologia, nutrição e oftalmologia. 

A destruição de seus dois últimos centros no norte de Gaza nesta semana, juntamente com o deslocamento forçado de funcionários e pacientes, é um golpe devastador para comunidades que já lutam com muito poucos serviços de saúde e vivem sob um genocídio.

"Estamos tomados pela dor, tristeza e um profundo sentimento de injustiça", afirmou Bassam Zaquot, gerente da PMRS na Faixa de Gaza. "Em um único momento, o trabalho sagrado e nobre realizado por nossos médicos e trabalhadores humanitários foi destruído, nossas instalações completamente eliminadas. Ao mesmo tempo, somos forçados a suspender o trabalho de nossas equipes médicas móveis em Gaza por medo por suas vidas. A destruição deliberada dos serviços que prestamos é uma mensagem de extermínio que põe todos em perigo", declarou Zaquot.

Estatísticas assustam

Números divulgados pelo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza apontam que mais de 66 mil palestinos morreram desde outubro de 2023 vítimas dos ataques israelenses. 

As forças de Israel não apenas cometem mortes, como também passaram a bloquear ajuda humanitária ao território palestino. A ONU afirmou, em 22 de agosto, que mais de meio milhão de pessoas em Gaza estão passando fome. Foi a primeira vez que a fome foi declarada no Oriente Médio. 

Até o final de setembro, mais de 640 mil pessoas enfrentarão níveis "catastróficos" de insegurança alimentar, classificados como Fase 5 do IPC, em toda a Faixa de Gaza, alertou as Nações Unidas.

As operações militares israelenses intensificadas na Cidade de Gaza ameaçam deslocar à força quase um milhão de pessoas para as chamadas 'áreas humanitárias' superlotadas e mal equipadas. Os trabalhadores humanitários devem ser capazes de responder às necessidades inimagináveis dos palestinos em Gaza sem a ameaça constante de ataques israelenses.

"Os trabalhadores humanitários nunca devem ser alvos. Israel deve ser responsabilizado pelos quase 1600 assassinatos confirmados de trabalhadores de ajuda humanitária e saúde desde o início da guerra", acrescentou James.

"A comunidade internacional deve tomar medidas urgentes para acabar com o genocídio em Gaza, exigindo um cessar-fogo, suspendendo o bloqueio para permitir a entrada de ajuda crítica em Gaza e garantindo que todos os trabalhadores humanitários sejam protegidos para que possam realizar seu trabalho vital sem medo", afirmou James.

Tribunais internacionais

A África do Sul acionou a Corte Internacional de Justiça ao acusar Israel de praticar genocídio. No mesmo período, em 2024, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Apesar da decisão judicial, Tel Aviv ampliou as operações militares e impôs severas restrições à entrada de ajuda humanitária destinada aos habitantes da Faixa de Gaza. Fora da prisão, Netanyahu se vê cada vez mais isolado no cenário internacional, já que países como Reino Unido, Canadá, Austrália, Portugal, França, Bélgica e Mônaco formalizaram o reconhecimento do Estado da Palestina.

Lamento

Ruth James, coordenadora humanitária regional da Oxfam MENA em Gaza, destacou: "Estes são apenas alguns das centenas de ataques a trabalhadores de organizações de ajuda humanitária mortos em suas casas ou enquanto faziam seu trabalho durante o ataque de Israel a Gaza, que já dura quase dois anos, cada um realizado com impunidade.

"Nossos parceiros correm riscos incríveis para entregar ajuda que salva vidas aos palestinos em Gaza, cujo sofrimento é inimaginável. A morte de trabalhadores humanitários e a destruição de infraestruturas humanitárias vitais, como clínicas, são insensatas e brutais e, em última análise, significam que milhares de palestinos têm menos probabilidade de receber o apoio de que desesperadamente precisam", disse James.

Várias organizações parceiras da Oxfam foram atacadas por Israel desde o início da guerra, resultando na morte de colegas parceiros ou na destruição de infraestrutura humanitária crítica. Esses incidentes refletem um padrão profundamente perturbador de ataques a trabalhadores humanitários e instalações humanitárias, relatado com frequência crescente por organizações humanitárias em Gaza.

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