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“Muitos fornecedores não aceitam mais dólares”, alerta executiva de banco dos EUA

Empresas dos EUA relatam pressão crescente para pagar fornecedores em outras moedas, apontou Paula Comings, chefe de vendas de câmbio do US Bancorp

Notas de peso argentino e dólar - Ilustração de 17/10/2022 (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - A preferência pelo dólar como moeda internacional de pagamentos tem perdido espaço entre fornecedores estrangeiros, que cada vez mais recusam receber nessa divisa em transações com empresas dos Estados Unidos

Segundo reportagem publicada pela agência Bloomberg, o cenário de volatilidade cambial e as vantagens comerciais oferecidas por pagamentos em moedas locais têm levado exportadores da Europa, da Ásia e da América Latina a priorizarem contratos em euro, yuan, peso mexicano e dólar canadense.

A tendência foi identificada por Paula Comings, chefe de vendas de câmbio do US Bancorp, que relatou a mudança de comportamento entre fornecedores internacionais. “Muitos clientes antes relutavam porque o dólar era sagrado aos olhos do fornecedor”, afirmou Comings. “Agora, a impressão que temos dos vendedores estrangeiros é: ‘Apenas nos pague na nossa moeda’”.

Pressão cambial e novas práticas comerciais

Apesar de um impulso recente em meio à instabilidade no Oriente Médio, o dólar acumula queda de cerca de 8% em 2025 em relação a uma cesta de moedas, revertendo o avanço de 7% no último trimestre de 2024, segundo índice da Bloomberg. Esse movimento de instabilidade prejudica previsões e lucros, tornando o dólar menos atrativo para negociações internacionais.

Empresas norte-americanas têm se adaptado. Uma madeireira no meio-oeste dos EUA, por exemplo, passou a converter seus pagamentos para euros antes de comprar madeira nobre da Europa. A decisão foi influenciada por um desconto de 2% oferecido pelo fornecedor europeu para transações na moeda comum.

Outro caso citado envolve uma rede de artigos domésticos que importa da China. A companhia renegociou com seus fornecedores e agora pretende quitar a próxima fatura em renminbi (yuan). Já uma empresa alimentícia que comprou equipamentos da Itália obteve uma taxa de câmbio mais favorável ao aceitar pagar €400 mil diretamente em euros — valor equivalente a aproximadamente US$ 463 mil.

Nova realidade nos contratos internacionais

A mudança é crescente, mas difícil de mensurar em tempo real, segundo especialistas do setor. “Nos mercados do Leste Asiático à América Latina, um número crescente de exportadores está optando por denominar contratos em euro, yuan ou até em moedas locais”, afirmou Karl Schamotta, estrategista-chefe de mercado da Corpay, empresa especializada em pagamentos internacionais, com sede em Toronto.

A nova realidade sugere um deslocamento gradual do papel do dólar como principal moeda global de transações comerciais. Embora continue dominante em diversos setores, seu enfraquecimento relativo no cenário de comércio exterior revela os limites da dependência cambial e expõe as vulnerabilidades de uma economia altamente dolarizada.

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