Kremlin diz que resolução do conflito na Ucrânia vai além da assinatura de um acordo

247 - O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou à emissora norte-americana ABC News que a busca por uma solução pacífica na Ucrânia não deve ser reduzida a um simples ato formal. “O acordo na Ucrânia é algo muito difícil. Não significa apenas assinar um documento, para garantir o status, e proclamá-lo como um acordo. Este é um processo de acordo repleto de detalhes. E cada um desses detalhes é extremamente importante tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia”, disse o secretário de imprensa de Vladimir Putin.

Segundo a TASS, a iniciativa de Moscou ocorre após repetidas denúncias do governo russo sobre as violações de tréguas anteriores por parte das forças ucranianas. O próprio presidente Putin lembrou que a mais recente tentativa de cessar-fogo — decretada durante as comemorações do 80º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica — foi, segundo ele, “consistentemente violada pelo regime de Kiev”.

O Kremlin já havia manifestado anteriormente o interesse em restaurar canais diplomáticos com a Ucrânia, congelados desde a interrupção das negociações em 2022. 

A Turquia, que se ofereceu para sediar os diálogos em Istambul, já atuou como mediadora entre Moscou e Kiev em diversas ocasiões, inclusive durante o acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro, em 2022. A retomada das tratativas é uma das raras oportunidades recentes de avanço diplomático na guerra, que já ultrapassa três anos de duração e provocou dezenas de milhares de mortes, além de uma crise humanitária e energética em larga escala. 

Sem estabelecer prazos ou condições públicas, o Kremlin reforça que está aberto ao diálogo direto, contanto que as tratativas considerem os “interesses legítimos da Rússia em termos de segurança e reconhecimento de sua soberania”. Peskov não especificou quais seriam essas condições em termos práticos, mas observou que a Rússia espera uma abordagem “realista” por parte da Ucrânia.

A possível retomada do diálogo em Istambul será acompanhada com atenção por chancelarias de todo o mundo. A expectativa é de que qualquer sinal de cessar-fogo ou avanço diplomático tenha repercussões imediatas no cenário geopolítico global e no equilíbrio de forças da região.