Israel promete resposta a ataque com mísseis e ameaça novo governo da Síria
Incidente marca primeira ofensiva vinda da Síria desde a queda de Bashar al-Assad; Tel Aviv responsabiliza gestão de Ahmed al-Sharaa
247 - Israel afirmou que pretende reagir de forma contundente após o lançamento de dois mísseis a partir do território sírio em direção às Colinas de Golã, região ocupada por Tel Aviv desde 1967. O ataque, ocorrido na terça-feira, foi o primeiro desse tipo desde a deposição do ex-presidente sírio Bashar al-Assad, em dezembro do ano passado.
As forças armadas israelenses relataram que os projéteis caíram em áreas desabitadas e não provocaram vítimas. Ainda não está claro qual grupo foi responsável pelo disparo. Em resposta, o Exército israelense bombardeou alvos no sul da Síria, atingindo armamentos das forças sírias, segundo comunicado oficial. A mídia estatal síria confirmou que a primeira rodada de ataques israelenses atingiu a província de Deraa.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que o novo governo em Damasco será responsabilizado diretamente por qualquer ameaça à segurança de Israel. “Uma resposta completa virá em breve”, declarou Katz. “Não permitiremos um retorno à realidade de 7 de outubro”, referindo-se ao ataque do Hamas em 2023.
A escalada ocorre apesar de recentes rodadas de negociações diretas entre os dois países, que não mantêm relações diplomáticas. Os encontros buscavam conter a crescente tensão bilateral, após uma série de bombardeios israelenses na Síria, incluindo um ataque no mês passado próximo ao palácio presidencial nos arredores de Damasco. O premiê Benjamin Netanyahu classificou aquela ação como “uma mensagem” ao novo presidente Ahmed al-Sharaa, em meio a denúncias de violência sectária contra a minoria drusa no país.
A presidência síria reagiu à ação israelense com veemência, chamando-a de “uma escalada perigosa contra as instituições estatais e a soberania nacional”.
Desde a saída de Assad do poder, Israel intensificou significativamente sua atuação militar na Síria, inclusive ocupando unilateralmente — e por tempo indeterminado — uma zona de amortecimento estabelecida há cinco décadas entre os dois países. Além disso, Tel Aviv bombardeou alvos que alega serem militares em território sírio e tem avançado sobre localidades da província de Quneitra, fora da área tradicionalmente ocupada.
Autoridades israelenses classificaram o novo governo sírio como um “regime terrorista de islamismo radical” e ameaçaram iniciar uma ofensiva mais ampla caso haja agressões contra a comunidade drusa.
Apesar das acusações, o governo de Ahmed al-Sharaa não adotou, até o momento, qualquer medida hostil contra Israel. A atual administração em Damasco tem procurado estabelecer relações com potências ocidentais e atores regionais, argumentando que seu foco está na reconstrução nacional e na reunificação do território sírio, ainda marcado por fragmentações e presença de milícias armadas que nem sempre obedecem ao novo comando central.
A retórica agressiva de Tel Aviv se soma a um histórico de intervenções militares unilaterais em território sírio, frequentemente justificadas sob alegações de segurança nacional, mas também criticadas por violarem a soberania de um país ainda em processo de reconstrução após mais de 13 anos de guerra civil. A posição de Israel, agora voltada contra um governo que não demonstra abertamente intenção hostil, levanta questionamentos sobre os objetivos estratégicos reais da escalada.
(As informações são do Financial Times)
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