Exportações de ímãs de terras raras da China para os EUA disparam após acordo comercial
Volume enviado em junho foi mais de sete vezes maior que o de maio, sinalizando retomada da cadeia de suprimentos após flexibilização de restrições
247 - As exportações da China de ímãs de terras raras para os Estados Unidos registraram uma expressiva recuperação em junho, superando sete vezes o volume embarcado no mês anterior. A informação é da Reuters, que teve acesso aos dados oficiais divulgados pela Administração Geral de Alfândegas chinesa neste domingo (20). O aumento ocorre na esteira de um acordo comercial entre Pequim e Washington que amenizou as restrições impostas por ambos os lados nos últimos meses.
Segundo os números oficiais, a China enviou 353 toneladas métricas de ímãs de terras raras aos Estados Unidos em junho — um salto de 660% em comparação com as 46 toneladas de maio. A China é, atualmente, responsável por mais de 90% da produção global desses materiais estratégicos, fundamentais para a fabricação de veículos elétricos, turbinas eólicas e equipamentos militares de alta tecnologia.
A retomada no fluxo bilateral de minerais críticos foi viabilizada por entendimentos firmados entre os dois países no mês passado, que também incluíram flexibilizações relacionadas à exportação de tecnologia sensível. Um dos desdobramentos desse novo ambiente de cooperação foi a decisão da fabricante norte-americana Nvidia de retomar as vendas de seus chips H20 voltados para inteligência artificial ao mercado chinês.
O crescimento das exportações ocorre após um período de forte retração. Em abril, a China decidiu ampliar a lista de produtos sujeitos a restrições de exportação, incluindo diversos tipos de minerais de terras raras e seus derivados. A medida foi uma retaliação direta às tarifas aplicadas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump. Como resultado, os embarques chineses sofreram quedas expressivas em abril e maio, agravadas pela demora na emissão das licenças de exportação.
Essa escassez causou impactos globais. Algumas montadoras fora da China enfrentaram interrupções na produção de veículos por falta dos insumos, o que evidenciou a dependência mundial das exportações chinesas no setor.
Apesar da recuperação em junho, os analistas destacam que o volume exportado ainda está abaixo dos níveis do ano passado. Foram 3.188 toneladas de ímãs permanentes de terras raras exportadas globalmente no mês, um aumento de 157,5% sobre maio, mas 38,1% abaixo do registrado em junho de 2024.
A expectativa é que os embarques cresçam ainda mais em julho, à medida que mais exportadores chineses obtêm as autorizações necessárias para enviar os materiais ao exterior. Contudo, o saldo acumulado no primeiro semestre de 2025 segue em queda: foram 22.319 toneladas exportadas, uma redução de 18,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
O cenário mostra como as tensões comerciais entre as duas maiores economias do planeta têm efeito direto sobre cadeias produtivas estratégicas, especialmente no setor de tecnologia e energia renovável. A recente melhora no fluxo de exportações pode indicar uma trégua momentânea, mas especialistas alertam que a estabilidade dependerá de novos avanços diplomáticos entre Washington e Pequim.
A disputa pelas cadeias de suprimento de minerais críticos é um dos capítulos centrais da rivalidade sino-americana na era da transição energética e tecnológica. O episódio mais recente demonstra tanto a força da interdependência quanto a fragilidade das redes produtivas diante de choques geopolíticos.
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