Ex-cirurgião francês é julgado por abusar sexualmente de 299 pacientes, a maioria crianças
Casos ocorreram ao longo de 25 anos e envolvem vítimas de até um ano de idade; julgamento é um dos maiores escândalos de pedofilia da França
247 - A França iniciou nesta segunda-feira (24) o julgamento de Joël Le Scouarnec, um ex-cirurgião de 74 anos acusado de estuprar ou agredir sexualmente 299 pacientes, a maioria crianças, ao longo de 25 anos. O caso, um dos maiores escândalos de pedofilia do país, está sendo conduzido no tribunal de Vannes, no oeste da França, e pode resultar em uma pena de até 20 anos de prisão para o réu, destaca reportagem da AFP republicada pelo Uol.
Le Scouarnec enfrenta 111 acusações de estupro e 189 de agressão sexual, cometidos entre 1989 e 2014. A gravidade dos crimes é aumentada pelo fato de ele ter abusado de sua posição como médico e de 256 das vítimas terem menos de 15 anos na época dos abusos. A idade média das vítimas era de 11 anos, mas o caso inclui crimes contra um bebê de um ano e um paciente de 70 anos.
"Eles não esperam nada do réu, mas esperam recuperar um pouco de dignidade, humanidade e, acima de tudo, consideração por parte da Justiça, porque até agora a violência judicial tem sido significativa", afirmou Marie Grimaud, advogada que representa 39 vítimas, em declaração à imprensa.
O julgamento, que deve durar quatro meses, ocorre dois meses após outro caso chocante que abalou a França: o de Gisèle Pelicot, envolvendo estupros em série. Dada a magnitude do caso, as vítimas acompanharão as audiências em uma sala anexa, entrando na sala principal apenas para testemunhar. "Eles não terão o apoio emocional das outras vítimas quando testemunharem", explicou Grimaud, destacando que este será o primeiro momento em que muitas delas verão e ouvirão o acusado pessoalmente.
Amélie Lévêque, de 42 anos, uma das vítimas, confessou à AFP que estava "com medo" de encarar o réu, mas que este era um momento que ela aguardava há muito tempo. "Esta manhã vi algumas das vítimas que são minhas amigas e choramos juntas. Foi lindo e doloroso ao mesmo tempo", relatou.
Histórico de impunidade
Apesar de já ter sido condenado em 2005 a quatro meses de prisão, com suspensão da pena, por posse de pornografia infantil, Le Scouarnec continuou a exercer a medicina. Somente em 2017, após a denúncia de uma vizinha de seis anos, que ele havia agredido e estuprado em Jonzac, seus crimes vieram à tona. Durante uma busca em sua casa, autoridades encontraram mais de 300 mil imagens de pedofilia e milhares de páginas de diários e listas em seu computador, onde ele registrava meticulosamente os nomes das vítimas e detalhes dos abusos cometidos sob anestesia, muitas vezes na mesa de operação.
O ex-cirurgião já está preso desde 2020, quando foi condenado por crimes semelhantes contra quatro menores, incluindo sua vizinha e duas sobrinhas.
As vítimas têm o direito de testemunhar a portas fechadas, opção que cerca de 40 delas já solicitaram. O veredito está previsto para 6 de junho.
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